Baseado na obra de Clarice Lispector, o filme de Suzana Amaral A Hora da Estrela volta às telas restaurado em versão 4K.
Ele conta a história de Macabéa, uma jovem de 19 anos que chega à cidade grande em busca da felicidade. É um grande presente ver novamente um dos maiores clássicos do cinema brasileiro disponível no circuito nacional, e não são palavras à toa, pois a obra em questão está repleta de prêmios de produção, direção, elenco, entre outros.
Macabéa é um retrato fiel da época, representando aqueles que foram para o sudeste em busca de oportunidades, carregando uma grande idealização das pessoas, coisas e situações que poderiam viver. Engana-se quem pensa se tratar de um personagem ingênua; na verdade, é dessa forma não lapidada que a protagonista mostra ao mundo o que quer dizer. Embora pareça acanhada, Macabéa demonstra uma força sutil em buscar amor e graça de maneira pura e sincera.
Sua admiração por qualquer pessoa e curiosidade alheia revelam uma escuta total ativa, e seu jeito rústico representa um verdadeiro mergulho antropológico na figura do ser. Seu comportamento acanhado, pedindo licença e desculpas por existir, provoca um desconforto instantâneo ao percebermos quem realmente somos.
Com um primor de elenco e riqueza de direção, A Hora da Estrela é potente e leve, merecendo ser visto repetidamente para que cada sessão provoque uma reflexão. Palmas para Tamara Taxman, Fernanda Montenegro, Lizette Negreiros e principalmente Marcélia Cartaxo, essa que fez sua estreia no cinema e mostra a sutil leveza do ser.