O Predador é uma daquelas franquias desgastadas que Hollywood simplesmente não abandona. Talvez o sucesso de bilheteria justifique a fé da Fox, mas esta sexta produção da franquia parece mais um repeteco cansativo do que algo que valha a pena ver no cinema. O primeiro filme foi projetado principalmente como um veículo para Arnold Schwarzenegger, embora o monstro tenha se tornado popular o suficiente para justificar uma sequência. Depois vieram os dois terríveis filmes Alien vs. Predador (o primeiro era um assumido filme B; o segundo foi uma atrocidade) e uma tentativa de Nimrod Antal de recuperar as coisas. Não funcionou muito bem – a busca por lucro fácil com Alien vs. Predador manchou ambas as franquias permanentemente e isso continua sendo o maior impedimento para se entusiasmar com O Predador. Embora o diretor Shane Black (que apareceu como ator no original de 1987) negue a existência da dupla Alien vs. Predador, o gosto amargo permanece.
A história parece ficção científica genérica: “alienígenas maus” vêm à Terra e um grupo de sobreviventes excêntricos, desajustados e mal armados se unem para derrotá-los. As qualidades que tornavam os Predadores únicos foram reduzidas a peculiaridades. Eles são essencialmente grandes monstros de filme de terror – antagonistas de filme de slasher em trajes de xenomorfo. As presas dos Predadores são personagens unidimensionais que funcionam como vítimas em filmes de terror. Você pode jogar o jogo de “quem morre em que ordem” se quiser. Claro, sendo este um filme de alta testosterona, não há adolescentes acampando e fazendo sexo, então a comparação é imperfeita.
Black é um diretor de ação capaz, então as cenas de luta são bem executadas e ocasionalmente envolventes. Talvez tivesse ajudado o nível de excitação se tivéssemos mais do que uma afinidade passageira por qualquer um dos personagens. O humor ácido que permeia o filme produz algumas boas risadas (de mau gosto). Infelizmente, a leviandade subverte qualquer tensão – uma qualidade que falta drasticamente em O Predador.
O filme economizou no departamento de elenco. Não há um único ator de alto escalão, o que talvez seja adequado, já que O Predador não é mais do que um filme B anabolizado. Boyd Holbrook tem mais tempo de tela e seu personagem é imbuído com mais do que um pouco de Martin Riggs (Black escreveu Máquina Mortífera). Seu grupo inclui Trevante Rhodes, Keegan-Michael Key, Thomas Jane e outros. Olivia Munn é a PhD durona obrigatória – a resposta deste filme a Ripley, de Sigourney Weaver. Bem, talvez não exatamente.
O Predador é estabelecido como uma sequência de O Predador, Predador 2: A Caçada Continua e Predadores, com eventos dessas produções sendo mencionados. Este filme começa com a queda de um Predador no México. A criatura é inicialmente avistada por um assassino do exército, Quinn McKenna (Boyd Holbrook), em uma missão. Ele pega alguns equipamentos do Predador e os envia para seu jovem filho autista, Rory (Jacob Tremblay), para mantê-los seguros. Para manter Quinn em silêncio, o governo planeja encarcerá-lo. Enquanto isso, o alienígena ferido e fortemente sedado é levado para um laboratório supersecreto dirigido por um psicopata chamado Traeger (Sterling K. Brown), cujo objetivo é transformar as criaturas em armas. Ele recruta a especialista Casey Bracket (Olivia Munn) para sua equipe, mas, logo após sua chegada, o caos se instala. Outro Predador chega, o primeiro escapa, e Quinn e seu novo grupo de ex-condenados chegam ao local a tempo de se unir a Casey.
Bons filmes de ficção científica sempre têm pelo menos um momento “Uau!” – um instante marcante que os espectadores lembram muito tempo depois que muitos detalhes da história se dissipam. O Predador não oferece nada do tipo – é uma série de cenas e momentos colados de seus predecessores e de outras franquias. É um primo próximo de Predadores no sentido de que seu desejo de recapturar alguma magia perdida há muito tempo é tingido de desespero. Não está lá. Apesar dos efeitos especiais, pirotecnia e o deslumbramento visual, o filme parece mais uma fan-fic afetuosa do que uma extensão de grande orçamento. Ah, e o Predador continua sendo um cara em um traje, o que seria bom se não parecesse apenas um cara em um traje. Não consegui decidir se esse toque foi intencional ou não. Mas por outro lado, pode ser apenas uma tentativa de design retro que não é muito impressionante nesta era onde a captura de movimento e a computação gráfica estão tão na moda.
Para seu crédito, O Predador tenta fazer algo um pouco diferente das sequências anteriores, ambas das quais copiaram (em maior ou menor grau) os ritmos do original. O problema central permanece, no entanto. O Predador pode parecer legal e fazer coisas criativamente sangrentas com suas presas, mas nunca foi tão interessante assim. É por isso que o filme de John McTiernan focava diretamente em Schwarzenegger e seu bando. Nostalgia e reconhecimento da marca podem aumentar o desempenho do filme nas bilheterias, mas não justifica Hollywood continuar exumando franquias desgastadas que deveriam ser deixadas enterradas.