Resistência

Onde assistir
"Resistência": o conflito entre humanidade e inteligência artificial

Em meio a guerra entre a raça humana e as forças da inteligência artificial, Joshua, um ex-agente das forças especiais que sofre com o desaparecimento de sua esposa grávida é recrutado para caçar e matar o Criador, o arquiteto de IA avançada que desenvolveu uma arma misteriosa com a capacidade de pôr um fim ao conflito, assim como na raça humana. Joshua e uma equipe de agentes de elite viajam através das linhas inimigas… apenas para descobrir que a arma que acaba com o mundo que ele foi instruído a destruir está na forma de uma criança.

O novo e o velho colidem nesta obra que reflete o passado e o futuro, inserindo quem somos em um contexto em que a busca por nossos sonhos, um anseio ancestral, fica sempre pra depois de assuntos mais urgentes. Após um terrível momento disruptivo na história, a humanidade se encontra a beira de uma difícil decisão, exterminar a sua mais importante conquista e criação.

Resistência é um filme que nos transporta para um mundo distópico altamente tecnológico, dividido e polarizado. De um lado se tem a maior concentração da humanidade, em uma sociedade extremamente tecnológica, mas que vive o medo em meio a uma guerra supostamente criada pela Inteligência Artificial, e do outro lado se tem – como o título entrega – a resistência da IA, em que a humanidade vive, sobretudo, de maneira mais simples do ponto de vista tecnológico, e em harmonia com a IA, mas, tendo que, juntamente com a resistência, guerrear para sobreviver.

Apresentada por capítulos, The Creator (no título oririginal) nos conta uma história relacionável – em que após um suposto ataque terrorista perpetrado pela inteligência artificial destruir a cidade de Los Angeles, um ódio desumano recair sobre a IA, iniciando uma caçada sem precedentes em busca de seu extermínio – em que um ex-militar, aposentado após o fracasso de sua última missão, é levado, por força moral, retornar as atividades quando os militares mostram prova de que sua esposa desaparecida na verdade sobreviveu, e se encontra atrás das linhas inimigas, já que, ela mesma, faz parte da resistência.

Joshua era um agente especial infiltrado na resistência, que tinha como papel se relacionar com Maya, filha do O Criador, um personagem tido como líder da resistência, cuja a IA nutre muito respeito, e admiração tal qual a de uma divindade.

É uma última missão, mal sucedida, o sistema Nomad ataca, supostamente eliminando parte da resistência, incluindo Maya, que estava grávida. Um tempo depois, passando por transtorno de estresse pós-traumático, Joshua agora faz acompanhamento psicológico, – inclusive para saberem se recuperou a memória, e suas lembranças serem utilizadas contra a resistência – os militares entram em cena, – e os principais são simplesmente assustadores, os grandes vilões do filme – oferecendo uma espécie de segunda chance para o coração de Joshua, se ele topar colocar sua mente em campo novamente. Os militares apresentam provas de que Maya está viva, em troca o protagonista precisa invadir uma base da resistência e recuperar a arma mais avançada já criada pela IA. De alguma maneira, apesar da missão dar uns 90% errado, Joshua encontra a tal arma da resistência, porém, a arma se revela ser uma criança – a primeira e única – simulante.

Gareth Edwards é um aclamado realizador do gênero da ficção científica atual, tendo uma ascensão meteórica como diretor, seu primeiro filme a estourar foi o interessantíssimo terror de ficção científica Monstros, lançado em 2010, em que além de dirigir também foi responsável pelo roteiro. Entre esse ponto alto em sua carreira até agora, Gareth teve participação em duas franquias de sucesso em Hollywood, sendo Godzilla, de 2014, dando início ao “MonsterVerse” da Legendary, e Star Wars, com Rogue One: Uma História Star Wars, lançado em 2016, que na minha opinião, é o melhor filme dessa nova leva da Disney. Ou seja, é um diretor respeitadíssimo, e que com Resistência volta a produzir mais uma história original.

Uma característica que para mim é fundamental, e além disso, fica impressa com muita responsabilidade em suas obras, é a de que Edwards é um baita artista de efeitos visuais, o que é possível conferir com clareza neste filme.

O compositor alemão Hans Zimmer é quem assina e desenha as ondas sonoras do começo ao fim desta obra, criando um trabalho majestoso que enriquece a experiência do espectador. Caso, caro leitor, você não esteja familiarizado com o profissional em questão, Zimmer é um grande expoente da música mundial, sobretudo da trilha sonora cinematográfica, tendo sua expertise presente em grande sucessos de crítica e de público, como Conduzindo Miss Daisy, Rain Man, e A Casa dos Sonhos nos anos 1980, O Príncipe do Egito, Melhor é Impossível, A Rocha e O Rei Leão nos anos 1990, e a trilogia O Cavaleiro das Trevas, Kung Fu Panda e O Chamado nos anos 2000, só para citar alguns filmes e demonstrar a versatilidade deste artista.

O trabalho dele é tão extraordinário, que além de composições icônicas como o tema de Interestelar, em muitos momentos você se sente como se não precisasse ter diálogo em algumas cenas, precisando da atuação e da trilha sonora para completar essa comunicação.

Além dos mais variados terrores que recaem sobre a mente humana, eu também sou um grande fã de ficção-científica, desde as space-operas, passando pelas fantasias distópicas, até o cyberpunk, já consumi autores que vão de Isaac Asimov, Harry Max Harrison, Richard Matheson, William Gibson, a Philip K. Dick., ademais, eu tento balizar minhas considerações em relação a essa obra de forma, também, pelo fato do filme ser mainstream, para um público amplo e bastante variado. Dito isso, deixo minhas impressões pessoais abaixo.

Os gêneros reais da obra são Drama e Ação, sendo as reflexões sobre inteligência artificial, os prós e contras sobre o desenvolvimento tecnológico, o comportamento humano em um contexto de eventos disruptivo global, assim como também de pré e pós ataque terrorista, servindo como plano de fundo pro desenrolar da história.

O conflito principal é o que gira em torno de Joshua, Alfie e Maya, o drama pessoal do protagonista em reencontrar sua esposa, cumprir ou não sua missão original, e onde sua lealdade se encontra é o que move a história. Não tem nada de errado com isso, até porque, o desenvolvimento tem dinâmica, o atores, além de carismáticos, são bons, com destaque para John Washington, que sabe dar vida ao personagem ex-militar, traumatizado, que carrega muita bagagem, e para a jovem Madeleine Voyles, que transmite muito bem a vibe de uma criança que ainda está se desenvolvendo, ao mesmo tempo que é uma inteligência artificial super avançada.

O visual de Resistência é fantástico, e aqui incluo fotografia, direção de arte e figurino, tudo junto, pra ser sucinto. Das áreas rurais ao centro urbano, em nenhum momento você sente que está fora do filme. Seja “individualmente” ou comparando as partes, a obra nos convida a experimentar um mundo totalmente diferente, mas que ao mesmo tempo é muito similar ao que vivemos.

Algo que eu realmente gostei é do conceito dos “Simulantes”, máquinas construídas para ter maior semelhança visual com os humanos, e que ganham o maior destaque na obra, principalmente por um dos personagens principais ser a evolução de um simulante.

Ao longo do filme os elementos são melhor trabalhados, portanto os conceitos e as supostas verdades crescem e se elaboram mais. Ou seja, analisando a entrega do produto final, o filme é bem escrito e dirigido, e a satisfação é garantida. Pessoalmente eu gostaria de ter assistido uma história tão ou mais ficção-científica quanto a ambientação, maquiagem, figurino, e os personagens já são, mas, ainda assim, achei a experiência muito satisfatória, e tenho certeza que é um filme tanto para os amantes do sci-fy, para os fãs de ação, quanto para quem ama um drama bem construído.

Você também pode gostar...