Quando ouvi falar do novo lançamento da Netflix, fiquei muito animada: um terror com Amanda Seyfried, que acabei de ver e adorar em Mank? Sensacional! Faz tempo que não vejo um terror bacana e estava muito interessada, ainda mais porque parecia que íamos ter espíritos na história.
Mas não dá pra chamar Vozes e Vultos de um terror-terror, se é que você, leitor querido e fã de terror, me entende. Esse aqui é um terror-drama-drama. Só é terror mesmo porque tem uns sangues e uns fantasminhas e tal. Mas a verdade é que o filme é basicamente um drama familiar, ou melhor, um drama de muitas famílias, de muitas mulheres abusadas por seus pais, maridos, entes “queridos”.
No filme, George (James Norton, da versão de Guerra e Paz de 2016) e Catherine (Seyfried) mudam com sua filha, Franny, para uma cidade no meio do nada porque George aceitou um trabalho como professor em uma faculdade (bom frisar que ela abandonou uma possível carreira de sucesso como restauradora de arte em Nova York para seguir o marido). Para deixar a história bem clara já aqui, eles mudam para uma possível casa mal-assombrada, com mortes dos antigos proprietários no histórico.
Até aí tudo bem, o enredo parece colar com a nossa história básica de casa mal-assombrada, ou seja, tô curtindo. Mas aí a história degringola, e o que era pra ser um terror vira um sei-lá-o-quê. Não, na verdade sei o que vira: um drama religioso.
Sim, amigo fã de terror, veja bem onde você está entrando: esse terror é um drama religioso, sobre céu, inferno e almas penadas. Mano, quem precisa desse tipo de coisa em um terror? Basta trabalhar bem os personagens (vamos ser sinceros aqui, nenhum dos personagens é bem trabalhado em Vozes e Vultos, e você quer mais que todos morram, porque você não vai gostar ou se apegar a nenhum deles), ter um roteiro amarradinho (fiquei com a impressão que esse filme nem roteiro tinha por conta dos furos) e oferecer aos fãs uns sustinhos básicos (fiquei com tanto medo vendo essa nova produção da Netflix que cochilei algumas vezes durante a experiência). Nada disso o filme conseguiu oferecer.
Teve um momento no filme que eu pensei que ele ia trazer algo bem interessante (sem spoiler, se liga na revelação no jantar com a família, quase ao final do filme), mas aí de novo o filme me decepcionou. Oh my, oh my, não é tão difícil fazer um bom trabalho!
Então fica a dica da Melissa para o seu final de semana, meu amigo fã de terror: na Netflix tem Verónica, um excelente filme de terror mexicano, ou A Bruxa, ou Apóstolo, ou Vende-se Esta Casa, para citar alguns. E na Prime assista a série Truth Seekers, ou os filmes Midsommar, ou Jogos Mortais. Mas passe longe de “Vozes e Vultos”.