A cada um ou dois lançamentos da Marvel Studios há a afirmação de que aquele é o melhor filme do estúdio até ali. Capitão América: Guerra Civil continua com a máxima e a leva adiante mais uma vez.
Quando Os Vingadores estreou em 2012, ele era o evento no qual o Universo Cinematográfico Marvel culminava: a união (por assim dizer!) de seus quatro personagens principais (até ali), contra uma colossal ameaça global. Desde então, o estúdio lançou sequências de qualidades diversas (de boas à ótimas) e introduziu novos heróis, mas em matéria de dosar sua ação com a humanidade de seus personagens, nunca superou o primeiro filme de Joss Whedon para o estúdio. Pelo menos até esta sequência!
Capitão América: Guerra Civil é o melhor filme da Marvel até aqui. Pronto! Falei isso novamente… principalmente porque ele faz o que a Marvel sabe fazer de melhor: foca na humanidade de seus personagens e dá a cada um deles o tempo para brilhar em tela enquanto ainda move a trama geral de todas as franquias em frente.
No filme, Steve Rogers (Chris Evans) é o atual líder dos Vingadores, super-grupo de heróis formado por Viúva Negra (Scarlett Johansson), Feiticeira Escarlate (Elizabeth Olsen), Visão (Paul Bettany), Falcão (Anthony Mackie) e Máquina de Combate (Don Cheadle). O ataque de Ultron, em Sokovia, visto em Vingadores: Era de Ultron, fez com que os políticos buscassem algum meio de controlar os super-heróis, já que seus atos afetam toda a humanidade. Tal decisão coloca o Capitão América em rota de colisão com Tony Stark (Robert Downey Jr.), o Homem de Ferro.
Guerra Civil se dá bem justamente onde há falhas em Batman vs Superman: A Origem da Justiça (que eu tinha prometido para mim mesmo evitar comparações, mas não tem como!): na apresentação dos seus novos personagens. Enquanto BvS apenas jogou personagens como Flash, Cyborg e Aquaman, utilizando-os como fan service e dizendo que existe um Universo Cinematográfico Estendido DC, a Marvel coloca o Pantera Negra e seu novo Homem-Aranha no meio da ação. E posso dizer que ambos os personagens, junto com o retorno do Homem-Formiga e do Soldado Invernal, são as melhores coisas do filme.
Apesar de podermos sim considerar Guerra Civil como Vingadores 2.5, o filme consegue seguir adiante com a história do Capitão América, novamente confrontando-o com suas origens através da sua amizade com Bucky Barnes (o Soldado Invernal), fechando um arco iniciado na década de 40, em O Primeiro Vingador, primeiro longa do herói.
Como o cenário é muito maior do que apenas a amizade entre Capitão América e Soldado Invernal, assim como em BvS, a discussão gira em torno do impacto que os heróis possuem na sociedade que os cerca. Mas enquanto o filme concorrente optou por endeusá-los e fazer um estudo sobre os personagens a partir daí, os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely, que trabalharam em O Soldado Invernal, optam por colocar os heróis em uma posição dúbia, para que eles se autoquestionem sobre seu impacto no mundo. Esta opção pelo autoquestionamento humaniza-os e nos aproxima deles (na medida que podemos nos sentir próximos de heróis tão poderosos).
Com um vilão novamente mal construído na figura de Zemo (já tradição na Casa das Ideias, que não constrói bons vilões nos cinemas, com exceção de Loki), fica a questão de quem precisa de um vilão quando Steve Rogers e Tony Stark são ambos protagonistas e ao mesmo tempo antagonistas?
Apesar de ter gostado, e muito, de BvS, esqueça-o! Aqui você tem: Homem-Formiga vs Homem-Aranha, Gavião Arqueiro vs Viúva Negra, Feiticeira Escarlate vs Visão, Soldado Invernal vs Pantera Negra e (claro!) Capitão América vs Homem de Ferro. E isso é o que você pode chamar realmente de filme-evento (até aqui!).
P.S.: Há duas cenas pós créditos no filme, uma no meio e outra ao final deles.