Bridget Jones: No Limite da Razão não chega nem perto do charme e da leveza de seu antecessor. Enquanto o primeiro filme, O Diário de Bridget Jones, conseguiu se estabelecer como uma comédia romântica genuína e envolvente, a sequência peca ao tentar estender uma história que já havia se concluído de forma satisfatória. Aqui, a trama se perde em situações repetitivas e em um humor forçado que não consegue capturar o espírito que fez o primeiro filme tão cativante.
A premissa parece promissora: Bridget (Renée Zellweger) e Mark Darcy (Colin Firth) estão juntos, mas logo as inseguranças de Bridget surgem, principalmente com a chegada da nova colega de trabalho de Mark, Rebecca (Jacinda Barrett), e o retorno de Daniel Cleaver (Hugh Grant), seu ex-chefe mulherengo. A ideia de continuar o romance e os dilemas amorosos de Bridget, porém, logo se revela um caminho batido e sem grandes surpresas, recorrendo a velhas fórmulas.
Os problemas começam logo com a química entre os protagonistas. Colin Firth, que brilhou no primeiro filme e como o Mr. Darcy de 1995, parece desinteressado em sua interpretação. Seu Mark Darcy já não possui o charme que o tornava tão querido, e sua atuação soa apagada. Renée Zellweger também não está no seu melhor. A naturalidade e o carisma da Bridget do primeiro filme simplesmente não estão mais lá. Sua performance soa forçada, e o sotaque, que antes era um charme, agora é inconsistente, o que prejudica a conexão com a personagem.
No entanto, há uma luz no fim do túnel, e ela vem na forma de Hugh Grant. Sua interpretação de Daniel Cleaver, o ex-alter ego encantador e manipulador, é o ponto alto do filme. Grant mistura charme e um toque de vilania de maneira magistral, entregando o tipo de humor sarcástico que o público tanto gosta. Infelizmente, seu tempo de tela é limitado, o que deixa a sensação de que o filme poderia ter explorado mais sua presença.
O maior problema de Bridget Jones: No Limite da Razão, no entanto, é seu roteiro. O filme tenta adicionar absurdos – como uma cena em que Bridget vai parar numa prisão tailandesa – que simplesmente não funcionam. A comédia física parece desajeitada, sem o timing perfeito que faria as piadas realmente engraçadas. Além disso, o filme perde o foco em sua protagonista, ao desviar para cenas estranhas que nada agregam à narrativa.
A direção de Beeban Kidron, que já havia mostrado dificuldades em outros projetos, não consegue trazer a mesma energia e frescor que Sharon Maguire imprimiu ao primeiro filme. As piadas e os momentos de leveza, que tornaram O Diário de Bridget Jones tão agradável, se tornam aqui previsíveis e, por vezes, forçados.
No final, Bridget Jones: No Limite da Razão não é um desastre, mas é difícil recomendar a sequência a quem amou o primeiro filme. A falta de inovação, a perda do charme da protagonista e a repetição de fórmulas já vistas deixam a sensação de que o filme poderia ter ficado no papel. Para os fãs da franquia, a dica é ignorar a existência dessa continuação e manter viva a memória de Bridget no primeiro filme.