Após mais de uma década de espera, o retorno de Bridget Jones com O Bebê de Bridget Jones é, sem dúvida, um alívio para os fãs da personagem, e um grande passo à frente se comparado ao mediano Bridget Jones: No Limite da Razão. Apesar de não ser tão memorável quanto o primeiro filme da franquia, O Bebê de Bridget Jones consegue resgatar a essência cômica da protagonista e trazer um frescor à história que parecia ter esgotado suas possibilidades. A trama, como de costume, acontece em torno da confusão amorosa de Bridget, agora grávida e sem saber quem é o pai de seu filho, entre o charmoso Jack Qwant (Patrick Dempsey) e o sempre contido Mark Darcy (Colin Firth). O enredo tem alguns momentos previsíveis, mas, ao contrário do anterior, encontra seu equilíbrio entre comédia e emoção.
O retorno de Sharon Maguire à direção foi fundamental para que o filme não perdesse seu charme. A energia vibrante e o tom irreverente que marcaram o primeiro filme da série estão de volta, com a protagonista, mais madura, ainda sendo a Bridget de sempre: atrapalhada, engraçada e, principalmente, humana. Renée Zellweger faz um trabalho encantador ao encarnar a personagem, especialmente com seu amadurecimento visível. Seu desempenho consegue transitar entre a comédia e os momentos mais emocionais com grande naturalidade, algo que não se viu no filme anterior, onde ela parecia mais uma caricatura da Bridget original.
É interessante como o filme faz uso de alguns elementos familiares da franquia para relembrar os fãs, como o triângulo amoroso entre Bridget e seus dois pretendentes, e a insistente comparação com o clássico Orgulho e Preconceito. Aqui, no entanto, a relação com a obra de Jane Austen é mais sutil, já que a história perde um pouco da profundidade que a inspirou, embora ainda mantenha o mesmo charme ao envolver os dois “Darcys”. Colin Firth, mais uma vez, interpreta o irônico Mark Darcy, mas sua energia e química com Bridget parecem um pouco menos intensas do que no passado.
O grande destaque, no entanto, vai para a inclusão de Patrick Dempsey, que traz um novo elemento à trama, oferecendo um contraponto mais moderno ao rígido e distante Mark. Seu Jack Qwant é irresistível e traz uma leveza à história, ao mesmo tempo em que adiciona camadas à disputa romântica, tornando-a mais interessante. Embora o personagem não tenha o mesmo apelo que Daniel Cleaver (interpretado por Hugh Grant), a dinâmica entre os três – Bridget, Jack e Mark – se desenrola de forma divertida e com boas doses de tensão.
Em relação ao elenco, é um prazer ver o retorno de Jim Broadbent e Gemma Jones como os pais de Bridget, que trazem um toque de carinho e cumplicidade à trama, além de algumas cenas hilárias. A participação de Sally Phillips e Shirley Henderson, que interpretam as amigas de Bridget, também é uma agradável adição, embora suas aparições sejam limitadas. No entanto, a ausência de Hugh Grant como Daniel Cleaver é notável, e a explicação para sua falta no filme, que envolve o funeral de seu personagem, é um pouco forçada, embora aceitável dentro do tom da comédia.
Por fim, O Bebê de Bridget Jones cumpre o que promete: um filme leve, engraçado e, até certo ponto, emocional, que traz um ar de renovação à franquia, mesmo que não consiga superar o impacto do primeiro filme. A produção, com a adição do talento de Emma Thompson como a ginecologista de Bridget, que não tem papas na língua, ganha um toque especial de humor negro e tira algumas boas risadas. Apesar de seu enredo previsível, o filme resgata o encanto da protagonista e nos faz esquecer as falhas de suas sequências anteriores. No fim das contas, a história de Bridget ainda vale a pena, especialmente para quem acompanha suas peripécias desde o início.