Com Transformers: O Último Cavaleiro, Michael Bay retorna mais uma vez para a franquia que ele moldou ao longo da última década. Porém, ao invés de evoluir, o filme continua a seguir a mesma fórmula desgastada: efeitos especiais bombásticos, narrativa fragmentada e personagens vazios. Parece que o foco aqui nunca foi contar uma história, mas sim, criar um espetáculo visual incessante e incoerente. Para aqueles que são fãs fervorosos dos robôs, há, talvez, algum entretenimento. Para o resto, o filme se assemelha mais a uma tortura sensorial do que a uma experiência cinematográfica.
Desde o início, Transformers: O Último Cavaleiro faz questão de ser um turbilhão de caos visual. Bay não dá espaço para o público respirar. A ação é implacável, as explosões são incessantes, e o ritmo do filme não permite pausas para reflexão ou desenvolvimento de personagens. Se os primeiros filmes da franquia já eram carregados de ação desenfreada, aqui eleva-se o nível ao ponto de saturar. O resultado é uma experiência que se torna exaustiva antes da metade do filme.
Embora o enredo tente dar a ilusão de complexidade, o filme é essencialmente mais uma sequência de lutas entre robôs e perseguições de carros. Optimus Prime, outrora o herói, agora é convertido em Nemesis Prime por uma entidade misteriosa, enquanto Megatron retorna mais uma vez para causar problemas. O vilão tenta jogar o planeta natal dos Transformers contra a Terra para destruir tudo. Em meio a tudo isso, personagens humanos, liderados por Cade Yeager (Mark Wahlberg), são jogados de um lado para o outro sem muita profundidade ou relevância.
O elenco de Transformers: O Último Cavaleiro inclui nomes de peso como Sir Anthony Hopkins, que parece perdido em meio ao caos. Sua participação se resume a cenas desconexas e diálogos sem impacto. Hopkins, que já foi Hannibal Lecter e Odin, aqui não tem muito o que fazer além de observar a destruição ao seu redor. Stanley Tucci também aparece em um papel descontraído como Merlin, numa atuação que parece saída de uma paródia de Monty Python e o Cálice Sagrado. No entanto, nada disso ajuda a elevar o filme para além de sua mediocridade.
Um dos maiores problemas de Transformers: O Último Cavaleiro é a falta de coerência no roteiro. As cenas parecem conectadas apenas pela necessidade de avançar para a próxima explosão, sem uma narrativa clara. A edição frenética e a trilha sonora exagerada contribuem para a confusão, tornando difícil se importar com o que está acontecendo. Enquanto a franquia Transformers já se destacou no passado por seu espetáculo visual, este filme prova que ação sem propósito é apenas entediante.
Talvez o ponto mais frustrante seja a insistência de Bay em incluir personagens humanos que são, no melhor dos casos, insuportáveis. Izabella (Isabela Moner), uma jovem que luta ao lado dos Autobots, é um exemplo de como o filme tenta criar empatia através de personagens “adoráveis”, mas falha miseravelmente. Em vez de se conectar com o público, ela se torna mais um estereótipo cansado de uma jovem corajosa que, na verdade, só atrapalha o andamento da trama.
O filme tenta se sustentar apenas pelo volume de efeitos visuais, mas mesmo esses se tornam redundantes. O uso excessivo de computação gráfica, embora tecnicamente impressionante, tira qualquer senso de realismo ou impacto emocional. Ao final, o filme parece mais um videogame do que uma narrativa cinematográfica. Se, em 2007, Transformers era algo único no cinema, hoje em dia é difícil distinguir a franquia de outros blockbusters genéricos.
Em meio a tudo isso, o que fica claro é que Transformers: O Último Cavaleiro representa o desgaste de uma franquia que já perdeu seu brilho. Mesmo com a promessa de que este seria o último filme de Bay no comando, é difícil acreditar que o legado dos robôs gigantes termine aqui. A inevitabilidade de novas sequências ou spin-offs é evidente, especialmente com o lucro que esses filmes geram. No entanto, para o público, o desejo por algo mais do que apenas espetáculo visual é mais forte do que nunca.
No fim das contas, Transformers: O Último Cavaleiro não oferece nada novo. É o mesmo caos de sempre, sem alma, sem coração, e, o pior de tudo, sem qualquer senso de propósito. Para uma franquia que começou com tanto potencial, é triste ver que ela se tornou apenas mais uma máquina de gerar dinheiro sem consideração pelo público. O cansaço é real, e não há robô gigante que consiga mudar isso.