O filme Transformers, dirigido por Michael Bay, é exatamente o que muitos esperariam: uma explosão visual de efeitos especiais, ação desenfreada e uma trilha sonora pulsante. No entanto, para quem busca algo mais do que apenas espetáculo, ele pode ser uma grande decepção. A premissa básica — a batalha entre Autobots e Decepticons pela posse do Allspark — é suficiente para justificar a ação, mas o desenvolvimento dos personagens e da trama deixa muito a desejar. A impressão é de que o foco foi totalmente direcionado para os efeitos visuais, com pouca atenção ao roteiro ou à narrativa.
Desde o início, Transformers se apoia em sua grandiosidade técnica. As cenas de batalha entre os robôs gigantes são, de fato, impressionantes do ponto de vista visual. A fluidez com que as transformações ocorrem é notável, e há um claro esforço em fazer os robôs parecerem parte do ambiente ao redor. Contudo, a beleza visual não consegue mascarar a superficialidade do enredo, que carece de profundidade e se arrasta ao longo de seus 135 minutos. Para um filme de ação, o ritmo é surpreendentemente lento, com longos momentos de exposição que falham em criar qualquer tipo de conexão emocional com o público.
O protagonista, Sam Witwicky, interpretado por Shia LaBeouf, é apresentado como o típico adolescente em busca de seu lugar no mundo. Embora LaBeouf traga um certo carisma ao personagem, a tentativa de transformá-lo em um heroi de circunstância é mal executada. A narrativa tenta equilibrar o drama pessoal de Sam com a escala épica da batalha entre Autobots e Decepticons, mas nenhum dos dois arcos é desenvolvido de forma satisfatória. O romance com Mikaela (Megan Fox) parece forçado, enquanto os dilemas pessoais de Sam nunca ganham a importância que o filme tenta sugerir.
Se há algum alívio no mar de efeitos especiais e diálogos fracos, ele vem na forma de John Turturro, que interpreta o excêntrico agente Simmons. Sua atuação é exagerada e caricata, mas, paradoxalmente, isso acaba funcionando a favor do filme. Em um universo onde tudo é levado a sério demais, Turturro traz uma leveza cômica que o longa-metragem desesperadamente precisava. Infelizmente, essa é uma das poucas atuações que se destacam, já que Jon Voight, como o Secretário de Defesa, entrega uma performance que beira o constrangedor.
Além do núcleo principal, o filme introduz uma subtrama envolvendo hackers e analistas de inteligência, mas essa linha narrativa é completamente subutilizada. Apesar de ocupar uma boa parte do tempo de tela, ela não leva a lugar nenhum. Parece uma tentativa de preencher o tempo de execução do filme com algo além de robôs lutando e explosões. No fim, esses personagens desaparecem sem qualquer conclusão, o que levanta a questão de por que foram incluídos em primeiro lugar.
O humor em Transformers é um caso à parte. Michael Bay, ao que parece, tem consciência das críticas ao seu trabalho e faz questão de incluir piadas internas e diálogos propositalmente ruins, o que pode ser interpretado como uma forma de auto-paródia. O problema é que, ao tentar fazer piada de si mesmo, o filme acaba subvertendo qualquer tentativa de ser levado a sério. Em vez de criar uma história coesa, Transformers se contenta em ser um espetáculo vazio, onde o conteúdo fica em segundo plano.
Comparado a outros blockbusters de ação, como Piratas do Caribe: No Fim do Mundo ou Independence Day, Transformers faz com que esses pareçam obras-primas de ritmo e desenvolvimento de personagem. A sensação de repetição e tédio começa a tomar conta logo após a primeira hora de filme. O que deveria ser uma experiência divertida e eletrizante acaba se tornando cansativa, especialmente quando percebemos que tudo se resume a uma sucessão de cenas de ação que, por mais impressionantes que sejam, não têm substância.
Para os fãs de longa data da franquia e das figuras que inspiraram o filme, Transformers pode ser o ápice de um sonho de infância realizado na tela grande. Para o restante do público, no entanto, ele é uma experiência frustrante e esquecível. A tentativa de reviver um fenômeno cultural dos anos 1980 com a pompa e os recursos tecnológicos atuais resultaram em um filme que parece mais preocupado em vender produtos do que em contar uma história envolvente.