Transformers: O Despertar das Feras tenta expandir o universo dos Autobots e Decepticons, introduzindo novos personagens como os Maximals, Predacons e Terrorcons, mas o resultado é decepcionante. Ambientado nos anos 1990, o filme deveria trazer novidades à franquia ao explorar uma trama global, mas acaba caindo nas mesmas armadilhas dos seus antecessores. Com uma narrativa confusa, personagens superficiais e um uso excessivo de computação gráfica, a promessa de uma aventura épica se transforma em uma experiência maçante e previsível.
Após o sucesso crítico de Bumblebee em 2018, que trouxe uma abordagem mais focada nos personagens e menos nas explosões desenfreadas, havia esperança de que a franquia estivesse tomando um novo rumo. No entanto, O Despertar das Feras ignora os acertos do filme anterior e volta a mergulhar na fórmula de carnificina mecânica que caracteriza os primeiros cinco filmes da série. Embora a direção esteja nas mãos de Steven Caple Jr., o filme carrega a marca inconfundível de Michael Bay, com sequências de ação exageradas e uma história que parece ter sido escrita às pressas.
O enredo gira em torno de Noah (Anthony Ramos) e Elena (Dominique Fishback), dois humanos que se veem envolvidos em uma batalha entre Autobots e o novo vilão, Scourge. Apesar de Ramos e Fishback serem atores talentosos, suas performances ficam limitadas por diálogos rasos e uma falta de desenvolvimento real dos personagens. Em comparação com Hailee Steinfeld em Bumblebee, suas atuações são apagadas e não conseguem criar uma conexão emocional com o público. É frustrante ver talentos tão promissores desperdiçados em papéis tão superficiais.
O vilão principal, Unicron, uma entidade devoradora de planetas, deveria ser uma ameaça imponente, mas acaba sendo uma caricatura de vilões clássicos de ficção científica. A interpretação de Peter Dinklage como Scourge também não consegue trazer o peso necessário ao personagem, e suas motivações são tão fracas quanto o enredo em si. A narrativa se perde em meio a tantas camadas de batalhas robóticas e efeitos especiais, sem nunca realmente desenvolver uma trama coesa ou cativante.
Os Maximals, os robôs que se transformam em animais, são apresentados como uma grande novidade, mas sua introdução não traz o impacto esperado. O líder Optimus Primal, dublado por Ron Perlman, tem poucos momentos memoráveis, e os outros Maximals mal têm tempo de tela suficiente para causar uma impressão duradoura. É uma pena que esses personagens, que poderiam adicionar uma dimensão interessante à trama, sejam ofuscados por lutas intermináveis e efeitos visuais que não parecem ter evoluído desde Transformers: O Último Cavaleiro.
Embora seja injusto dizer que a franquia Transformers foi feita exclusivamente para um público infantil, O Despertar das Feras parece subestimar a inteligência de seus espectadores. O roteiro é tão raso que se assemelha a um videogame mal roteirizado, sem profundidade emocional ou complexidade narrativa. Em vez de explorar os aspectos fascinantes da mitologia dos Transformers, o filme opta por seguir o caminho mais fácil: mais explosões, mais lutas, menos história.
O design visual, que poderia ser um dos pontos fortes, também decepciona. As cenas de ação são tão caóticas que muitas vezes é difícil acompanhar o que está acontecendo. A computação gráfica, que deveria ser um dos maiores atrativos, parece datada e sem o refinamento esperado de uma produção desse porte. Isso se torna ainda mais frustrante quando comparado com filmes de ação modernos, cujos efeitos visuais estão em um nível muito superior.
No final das contas, Transformers: O Despertar das Feras falha em capturar a essência do que tornou Bumblebee um sucesso de crítica. Em vez de focar em personagens com os quais o público possa se relacionar, o filme volta ao exagero visual e narrativo que já cansou há muito tempo. Para os fãs mais fervorosos da série, pode haver momentos divertidos, mas, para o público em geral, o filme parece um retrocesso.
Em resumo, este filme é mais um exemplo de como a franquia Transformers parece incapaz de aprender com seus próprios erros. Em vez de evoluir, O Despertar das Feras retorna a uma fórmula desgastada, deixando a sensação de que a franquia pode ter chegado ao fim de sua linha criativa.