Após várias promessas de que deixaria a franquia, Michael Bay retorna em Transformers: A Era da Extinção, trazendo consigo o mesmo pacote de destruição em massa e explosões espetaculares que se tornaram sua assinatura. Se a missão de Bay era superar a si mesmo em cenas de ação caóticas e destruição desenfreada, ele certamente atingiu seu objetivo aqui. O problema? Isso se estende por quase três horas, resultando em uma experiência exaustiva, onde o enredo parece secundário e a computação gráfica domina a tela sem qualquer profundidade emocional.
Bay afirma que os filmes de Transformers são feitos para despertar a criança interior de todos nós. Porém, parece que ele assume que essa criança tem um curto período de atenção, é barulhenta e não exige muito além de explosões contínuas. Admito que também gosto de filmes despretensiosos e divertidos – já me peguei animado com algumas cenas de Godzilla, e estou ansioso para novos filmes da saga Star Wars. No entanto, até mesmo minha criança interior começa a se desesperar ao pensar em mais minutos de Transformers: A Era da Extinção. O filme, com sua duração épica, parece carecer de alma, oferecendo apenas barulho e destruição.
A mudança no elenco humano poderia ser uma oportunidade de revitalizar a franquia. No entanto, mesmo com novos rostos como Mark Wahlberg, os humanos continuam sendo pouco mais que adereços. Afinal, o verdadeiro foco do filme é a incessante exibição de destruição digital e a luta entre robôs gigantes. A ausência dos personagens anteriores é quase imperceptível, já que Bay faz questão de manter a mesma fórmula, onde os humanos têm pouca relevância. A ação é a única prioridade, e qualquer tentativa de narrativa é superficial e deslocada.
O enredo, por mais que tente criar uma continuidade, não é mais que uma desculpa para mais uma rodada de explosões. A história se passa cinco anos após os eventos de Transformers: O Lado Oculto da Lua, onde a Terra limpou quase todos os Autobots, com exceção de alguns sobreviventes. Desta vez, Cade Yeager (Mark Wahlberg) encontra Optimus Prime e, com a ajuda de sua filha Tessa (Nicola Peltz), tenta evitar que os Autobots sejam capturados. Tudo isso enquanto uma nova ameaça, Galvatron, surge para tomar o lugar de Megatron. A premissa é familiar, e apesar de ter alguns momentos promissores, acaba se perdendo em sua própria grandiosidade.
No quesito atuação, Mark Wahlberg traz uma leve melhora em relação a Shia LaBeouf, mas isso não é suficiente para salvar o filme. Wahlberg cumpre o que lhe é pedido, reagindo de maneira adequada às situações de perigo e destruição. Por outro lado, Stanley Tucci consegue se destacar, trazendo um alívio cômico necessário e conseguindo elevar o material. Infelizmente, Nicola Peltz entrega uma performance frustrante, alcançando níveis de irritação que nem mesmo Megan Fox conseguiu atingir nos filmes anteriores. Sua personagem, Tessa, parece existir apenas para gritar e ser resgatada, o que acaba tornando suas cenas insuportáveis.
Os momentos mais memoráveis, como de costume, estão nas sequências de destruição. Bay não decepciona nesse aspecto, com Hong Kong servindo de cenário para o clímax apocalíptico. Porém, mesmo essas cenas de ação, que deveriam ser o ponto alto do filme, acabam se tornando repetitivas. Após as primeiras explosões, a grandiosidade vai se diluindo, e o filme perde força. É como se o próprio espetáculo acabasse se sabotando ao ser prolongado além do necessário.
O uso de computação gráfica, embora tecnicamente impressionante, é sufocante. O excesso de efeitos especiais tira o brilho de momentos que poderiam ser impactantes. É difícil se conectar com a narrativa quando estamos constantemente bombardeados por imagens digitais de robôs e explosões. Bay parece esquecer que, por mais sofisticada que seja a tecnologia, uma história cativante e personagens bem construídos são essenciais para criar uma experiência verdadeiramente envolvente.
No fim, Transformers: A Era da Extinção não oferece nada que já não tenhamos visto nos filmes anteriores. A fórmula é a mesma: robôs, explosões e pouca substância. O que poderia ser um filme divertido se transforma em uma maratona cansativa de destruição sem propósito. O que resta é uma sensação de vazio, como se o filme, apesar de todo o seu barulho, não tivesse realmente dito nada. É mais uma obra que, apesar de sua grandiosidade, carece de coração.
Mesmo sabendo que a franquia tem um público fiel, é difícil não lamentar a falta de ambição em oferecer algo mais além de espetáculo visual. Ao longo de quase três horas, Transformers: A Era da Extinção não consegue justificar sua existência, exceto pelo óbvio desejo de continuar lucrando com uma fórmula já desgastada. A inevitabilidade de um quinto filme é clara, e, infelizmente, é difícil imaginar que a saga se redima em um futuro próximo.