Se após a enxurrada de críticas ao filme anterior, Transformers: A Vingança dos Derrotados, havia alguma esperança de melhora, Transformers: O Lado Oculto da Lua prova que a fórmula continua a mesma: muita destruição, poucos diálogos consistentes e um enredo que se perde em meio à ação exagerada. Michael Bay, desta vez, tenta justificar as falhas anteriores culpando a greve dos roteiristas, mas o resultado aqui não mostra grandes melhorias. Pelo contrário, o roteiro de O Lado Oculto da Lua é ainda mais fraco que o do filme anterior.
Bay, reconhecidamente um diretor que produz filmes para um público jovem, parece estar criando um produto direcionado especificamente para meninos de 14 anos. A verdade é que os efeitos especiais são o grande destaque da produção, mas, mesmo nesse aspecto, o exagero acaba cansando. A ação, que envolve basicamente robôs gigantes se enfrentando, é espetacular visualmente, mas se torna repetitiva e entediante ao longo dos seus intermináveis 157 minutos de duração.
Os elementos de trama que, teoricamente, deveriam dar suporte à ação, apenas complicam desnecessariamente o enredo. A ideia de misturar a corrida espacial dos anos 1960 com a chegada dos Transformers à Terra poderia ser interessante, mas a execução resulta em uma narrativa cheia de furos e diálogos expositivos que pouco acrescentam à história. Para os fãs mais fervorosos, talvez esse aprofundamento no “lore” de Transformers seja atraente, mas para o público em geral, o resultado é confuso e sem sentido.
Quanto às atuações, Shia LaBeouf retorna como Sam Witwicky, e, apesar de seus esforços, seu personagem não parece ter evoluído em nada. Suas interações com Carly, vivida por Rosie Huntington-Whiteley, são forçadas e sem química, sendo difícil acreditar no relacionamento entre eles. Carly, aliás, cumpre o papel que anteriormente pertencia a Megan Fox: ser um objeto visual. Em termos de personalidade, a personagem de Rosie tem ainda menos presença que sua antecessora, servindo apenas para preencher o vazio entre as batalhas robóticas.
Entre os coadjuvantes, John Turturro, Frances McDormand e John Malkovich se destacam, mas não de forma positiva. Eles parecem estar cientes da superficialidade do filme e suas atuações refletem isso, com uma abordagem mais caricatural e sem grande envolvimento. Essa falta de compromisso parece ser uma tentativa de trazer humor à trama, mas o que resta é um sentimento de desperdício de talento.
O uso do 3D, que foi bastante comentado antes do lançamento, também decepciona. Embora Michael Bay tenha consultado James Cameron e aderido à tecnologia, os efeitos em 3D não impressionam. Na maioria das vezes, a profundidade das cenas não se destaca, e o espectador pode facilmente esquecer que está assistindo a um filme que faz uso da tecnologia, o que frustra as expectativas de quem esperava uma imersão maior na experiência.
No fim, Transformers: O Lado Oculto da Lua não traz nada de novo. É mais do mesmo, com uma história rasa e performances insossas, mas embalado em um espetáculo visual grandioso. A franquia continua a apostar na destruição em massa e nos efeitos especiais de ponta, mas sem oferecer um enredo envolvente e personagens cativantes. A série Transformers já não surpreende mais, e esse terceiro filme reforça o que muitos já temiam: ele é apenas maior, mais longo e mais barulhento, mas totalmente sem alma.
Assim como seus antecessores, O Lado Oculto da Lua vai atrair uma multidão de fãs apaixonados por máquinas colossais se enfrentando, mas, para os espectadores que procuram algo mais substancial, o filme deixa muito a desejar. O ciclo se repete, e, ao que tudo indica, teremos que passar por isso novamente no próximo e no próximo e no próximo capítulo da franquia.