Transformers: O Início nos leva de volta ao planeta Cybertron, oferecendo uma nova perspectiva sobre a rivalidade entre dois dos personagens mais icônicos da franquia: Optimus Prime e Megatron. Esta animação, diferente das produções anteriores, se concentra exclusivamente na origem desses dois líderes e suas jornadas divergentes, sem a presença dos humanos que sempre desempenharam um papel central nos longas anteriores. Ao abordar o passado de ambos, o filme entrega uma narrativa mais emocional e sofisticada do que a série live-action jamais conseguiu.
O ponto mais forte de Transformers: O Início é o relacionamento complexo entre Optimus, ainda chamado de Orion Pax, e Megatron, antes conhecido como D-16. Eles começam como amigos próximos, quase irmãos, mas rapidamente vemos como suas visões de mundo começam a divergir. Enquanto Orion sonha em se libertar das amarras da sociedade e aspirar a algo maior, D-16 é mais cauteloso, relutante em perturbar o status quo. Essa dinâmica inicial já coloca as sementes do conflito que mais tarde explodirá em uma guerra total entre Autobots e Decepticons.
Visualmente, o filme acerta ao simplificar o design dos robôs, voltando às raízes mais estilizadas das animações clássicas. Ao invés do excesso de detalhes dos filmes live-action de Michael Bay, os personagens aqui são mais identificáveis e emotivos. Isso não apenas facilita a conexão do público com eles, mas também reforça a ideia de que, apesar de serem robôs, eles possuem uma humanidade que se perde nos ruídos visuais dos demais longas. Essa decisão estética, acompanhada de sequências de ação incrivelmente bem coreografadas, traz uma nova energia ao universo de Transformers.
No entanto, o filme não deixa de lado a ação frenética pela qual a franquia é conhecida. As corridas em Cybertron, por exemplo, são um espetáculo à parte. A maneira como o terreno de Cybertron se transforma, criando desafios dinâmicos e visualmente impressionantes, mantém o público envolvido. Ao mesmo tempo, o roteiro não se apoia apenas nesses momentos de adrenalina. Ele desenvolve os personagens de forma que o conflito entre eles seja palpável e, de certa forma, doloroso.
A força de Transformers: O Início está na forma como ele explora a origem do conflito entre Autobots e Decepticons com uma profundidade inesperada. Ao invés de se limitar a lutas e explosões, o filme investe no dilema de seus protagonistas, especialmente Orion Pax, que ainda não assumiu o papel de líder incontestável. O roteiro dá espaço para que tanto ele quanto D-16 questionem seus caminhos, oferecendo ao público uma visão mais complexa dos eventos que moldaram Cybertron.
É claro que o filme não é perfeito. Algumas piadas, especialmente as envolvendo Bumblebee, podem parecer forçadas para os fãs mais puristas, mas, no geral, o tom do humor é mais leve e acessível, algo que funcionará melhor para o público mais jovem. Isso é uma melhoria em relação ao humor mais grosseiro dos filmes de Michael Bay, que muitas vezes afastava parte do público. Aqui, o equilíbrio entre ação, drama e comédia é bem ajustado.
Para os fãs da franquia, Transformers: O Início é uma experiência gratificante. O filme não apenas expande a mitologia de forma significativa, mas também respeita o material original. Ao contrário das tentativas anteriores de reinvenção, este longa consegue se destacar por sua simplicidade e foco na narrativa, sem sacrificar o que tornou a franquia tão querida.
Em um ano com várias animações sensacionais, Transformers: O Início consegue se destacar. Ele não apenas rejuvenesce a franquia, mas também estabelece um novo padrão de como as histórias de Transformers podem ser contadas no futuro, focando menos no espetáculo e mais nas emoções que movem seus personagens. Um triunfo que, esperamos, guiará os próximos capítulos da saga.