Missão: Impossível – Protocolo Fantasma é o quarto filme da franquia e se aproxima de uma aventura não oficial de James Bond. Com uma ação eletrizante e cenários ao redor do mundo, o longa oferece tudo que um bom filme de espionagem deveria ter: perseguições alucinantes, explosões e um vilão megalomaníaco com uma ameaça nuclear iminente. No entanto, enquanto entrega o espetáculo esperado, o filme acaba exagerando na duração, tornando-se um pouco cansativo em seus momentos finais.
A trama central gira em torno de Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe da IMF, agora trabalhando sob o Protocolo Fantasma, após a agência ser desautorizada devido à explosão no Kremlin. Caçando o terrorista internacional Hendricks (Michael Nyqvist), a missão de Hunt, caso ele aceite, é impedir que ele cause um conflito nuclear global. Sem recursos e apoio, Ethan, Benji (Simon Pegg), Jane (Paula Patton) e Brandt (Jeremy Renner) precisam operar fora do radar enquanto percorrem Moscou, Dubai e Mumbai para evitar a catástrofe.
A grande atração de Missão: Impossível – Protocolo Fantasma é, sem dúvida, suas cenas de ação, com destaque para a icônica sequência no Burj Khalifa em Dubai, onde Ethan escala o prédio mais alto do mundo em meio a uma tempestade de areia iminente. Esta cena é o ponto alto do filme, oferecendo tensão e adrenalina em níveis altíssimos. No entanto, após esse momento, o longa parece perder um pouco de fôlego, especialmente durante o ato final em Mumbai, que é menos espetacular e mais contido, deixando a sensação de que o filme atingiu seu ápice cedo demais.
Embora o vilão Hendricks não seja tão memorável quanto os melhores antagonistas da franquia, como Davian em Missão: Impossível 3, ele traz uma ameaça real com sua obsessão por armas nucleares. O personagem tem motivações clichês, mas sua frieza e inteligência o tornam perigoso o suficiente para manter o público investido. Ainda assim, falta profundidade à trama, que se mantém simples e funcional, mas longe de ser marcante ou inovadora.
Um dos pontos fortes do filme é o elenco. Simon Pegg retorna com seu timing cômico impecável, garantindo momentos de leveza em meio à intensidade da ação. Jeremy Renner, introduzido como Brandt, mostra-se um ótimo contraponto a Ethan, sugerindo uma possível substituição no futuro da franquia. Paula Patton, por sua vez, cumpre bem seu papel, trazendo não apenas a beleza típica de uma “Bond girl”, mas também uma força física e emocional que acrescenta à equipe.
A direção de Brad Bird, em sua estreia no cinema live-action após grandes sucessos de animação como Os Incríveis, é eficiente. Bird sabe como conduzir grandes sequências de ação, e o uso de IMAX em várias cenas é um espetáculo visual. A cinematografia é dinâmica e ousada, especialmente nas cenas de perseguição e tiroteios, mantendo o espectador imerso no caos controlado que é o mundo de Missão: Impossível. No entanto, a estrutura do filme, que atinge seu ápice logo no meio, acaba deixando os momentos finais meio anti climáticos.
O maior problema de Protocolo Fantasma é sua duração. Com 133 minutos, o filme poderia ter sido mais enxuto. A sequência final em um estacionamento futurista em Mumbai, por exemplo, não tem o mesmo impacto das cenas em Dubai ou Moscou, e soa um tanto repetitiva, mais parecida com um nível de videogame do que com uma grande conclusão de um filme de ação.
Ainda assim, o filme oferece muito entretenimento. É um espetáculo visual e auditivo, com explosões, perseguições e acrobacias de tirar o fôlego. Michael Giacchino retorna para compor a trilha sonora, mesclando elementos novos com o clássico tema de Missão: Impossível, e seu trabalho é um dos pontos altos, contribuindo para a sensação de urgência e tensão durante as cenas-chave.
Em resumo, Missão: Impossível – Protocolo Fantasma entrega o que se espera de um blockbuster de ação: adrenalina, cenas memoráveis e um elenco afiado. Embora não seja perfeito, e com um final que poderia ser mais forte, o filme justifica seu lugar na franquia e dá continuidade ao legado de Ethan Hunt, mantendo o público preso à tela, mesmo que o fôlego se perca em alguns momentos.