Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte 1 chega com a promessa de ser a primeira parte do desfecho épico de uma das mais longevas franquias de espionagem em Hollywood. Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe estão de volta em uma missão que envolve uma nova e mortal ameaça, uma arma de inteligência artificial capaz de controlar o futuro. Neste novo capítulo, a franquia mantém o padrão de cenas eletrizantes e grandes reviravoltas, mas se estende por quase 2 horas e 45 minutos, o que traz um desafio em termos de ritmo e duração.
A direção de Christopher McQuarrie, que já esteve à frente de Missão: Impossível – Nação Secreta e Missão: Impossível – Efeito Fallout, continua a estabelecer um equilíbrio entre a narrativa de espionagem e as cenas de ação deslumbrantes. No entanto, em Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte 1, a trama parece mais simplificada, enquanto as sequências de ação são ainda mais grandiosas e frequentes. McQuarrie aposta em uma fórmula familiar, mas que ainda funciona, mantendo o público imerso nas aventuras globais de Ethan.
As cenas de ação continuam a ser o ponto alto. Tom Cruise, famoso por realizar suas próprias acrobacias, protagoniza um dos momentos mais marcantes da franquia: um salto de motocicleta de um penhasco, seguido por uma queda em paraquedas. Além disso, temos uma perseguição em um carro compacto pelas ruas de Roma, com Cruise e Hayley Atwell algemados, e um tenso confronto em um trem desgovernado. Essas sequências mantêm o espírito da série vivo e oferecem o espetáculo que os fãs esperam.
A trama deste capítulo gira em torno de uma arma de inteligência artificial, um tema que coloca a franquia em um território mais próximo da ficção científica do que nunca. Com uma chave que detém o poder sobre essa entidade digital, Ethan precisa impedir que ela caia nas mãos erradas. Embora a premissa seja intrigante, a abordagem carece de um desenvolvimento mais profundo, deixando algumas questões em aberto para a segunda parte. A inclusão de elementos tecnológicos modernos, no entanto, atualiza a franquia de forma interessante, conectando-a a temores contemporâneos.
O retorno de personagens icônicos como Luther (Ving Rhames) e Benji (Simon Pegg) é sempre bem-vindo, e ambos desempenham papeis significativos na trama. A dinâmica entre eles e Ethan continua forte, proporcionando momentos de alívio cômico e camaradagem. Por outro lado, o relacionamento de Ethan com Ilsa Faust (Rebecca Ferguson) é tratado de forma superficial, deixando a desejar no desenvolvimento do romance e da parceria entre eles, algo que vinha sendo construído nos últimos filmes.
Entre os novos personagens, Grace (Hayley Atwell) se destaca como uma ladra habilidosa e imprevisível, adicionando uma nova camada de complexidade à missão. Já Gabriel (Esai Morales), o principal vilão, traz um passado sombrio com Ethan, mas falta-lhe o carisma para se igualar aos antagonistas mais memoráveis da franquia. Por outro lado, Pom Klementieff, como Paris, rouba a cena com sua presença ameaçadora e sua atuação enérgica, dando vida à vilã mais física e brutal deste filme.
A estrutura de Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte 1 segue um formato convencional de três atos, o que proporciona uma sensação de conclusão, mesmo sendo apenas a primeira parte. Diferente de outros filmes que também dividiram suas tramas em várias partes, como Velozes e Furiosos 10 e Homem-Aranha: Através do Aranhaverso, este consegue contar uma história própria, enquanto deixa várias pontas soltas para a conclusão. O público pode sair satisfeito, mas ainda ansioso para o que vem a seguir.
Apesar de seu final empolgante, o filme sofre com o ritmo nas suas primeiras 1h30, carregadas de diálogos expositivos e algumas transições abruptas. Isso pode fazer com que a longa duração pareça um tanto cansativa, especialmente para os que preferem uma narrativa mais ágil. No entanto, uma vez que a história engrena, a última hora é pura adrenalina, compensando pela lentidão inicial.
No fim das contas, Missão: Impossível – Acerto de Contas: Parte 1 entrega o que os fãs esperam: ação de tirar o fôlego, sequências criativas e a dedicação incansável de Tom Cruise. Ainda que imperfeito em alguns aspectos, o filme reafirma o lugar da franquia como uma das maiores no gênero de ação e espionagem. Se o segundo capítulo mantiver o nível, podemos esperar um encerramento grandioso para as aventuras de Ethan Hunt.