Velozes & Furiosos 4 marca o retorno do elenco original de Velozes & Furiosos, numa tentativa clara de reconectar a franquia com o público que se distanciou após duas sequências mais fracas. Vin Diesel e Paul Walker, juntos pela primeira vez desde o filme inicial, dividem novamente a tela, e a reunião traz de volta também Michelle Rodriguez e Jordana Brewster. Além disso, o diretor Justin Lin, de Desafio em Tóquio, reassume o comando, conectando de forma sutil essa quarta parte ao terceiro filme.
Comparado com os dois predecessores diretos, Velozes & Furiosos 4 representa uma melhora. Embora não esteja no mesmo nível do primeiro filme, os 20 minutos iniciais são algumas das sequências mais eletrizantes da franquia, com cenas de ação ao estilo James Bond, seguidas de uma reviravolta inesperada. No entanto, após esse começo promissor, o filme começa a perder ritmo, e a empolgação inicial se esvai. As cenas de perseguição de carros, embora bem coreografadas e filmadas, acabam ofuscadas por uma trama que não consegue manter o interesse quando os personagens não estão ao volante.
Dom Toretto (Diesel) e Brian O’Conner (Walker) se reencontram após cinco anos sem se ver, quando ambos estão atrás do mesmo alvo. Para Brian, trata-se de um caso do FBI; para Dom, é uma questão pessoal de vingança. Eventualmente, os dois acabam disputando uma corrida pelo direito de trabalhar para um chefão do tráfico, e, mesmo com um vencendo, o outro encontra uma forma de se infiltrar na operação. A aliança forçada entre eles traz uma dinâmica tensa, mas que não é suficiente para elevar a narrativa além do básico.
Vin Diesel, que já demonstrou talento e carisma em outros papéis, parece um tanto apático em Velozes & Furiosos 4. O personagem de Dom Toretto, que deveria estar mergulhado em emoções intensas de vingança e luto, acaba soando monótono, e Diesel não entrega toda a profundidade que o papel demanda. Paul Walker, por outro lado, mantém o nível esperado de sua atuação, o que, infelizmente, não é muito. Michelle Rodriguez e Jordana Brewster, embora presentes, têm participações limitadas, com Rodriguez ganhando mais destaque apenas na sequência de abertura.
Os vilões do filme, interpretados por John Ortiz e Laz Alonso, são genéricos e não acrescentam muito à trama. Eles seguem o padrão de antagonistas que já vimos repetidas vezes em filmes de ação, sem características que os façam memoráveis. Isso acaba prejudicando o envolvimento emocional do espectador, já que não sentimos a urgência de ver os protagonistas triunfarem sobre eles.
O foco de Velozes & Furiosos 4 nunca foi o desenvolvimento de personagens ou um enredo complexo. O filme aposta, como sempre, nas cenas de ação, perseguições e corridas de tirar o fôlego. Embora Justin Lin consiga dirigir essas cenas com competência, não há muita novidade. Os cenários e as pistas parecem repetitivos, e em alguns momentos, como a corrida no túnel subterrâneo, parece que os cineastas ficaram sem opções criativas.
Os fãs dos três filmes anteriores provavelmente irão apreciar Velozes & Furiosos 4, mas para aqueles que sentiram que o primeiro longa já havia contado tudo o que precisava ser dito sobre o mundo das corridas de rua, essa sequência pode soar redundante. Mesmo com o talento de Justin Lin na direção, o material de base é limitado, e há pouco que ele possa fazer para transformar o filme em algo mais substancial.
Em resumo, Velozes & Furiosos 4 oferece momentos de pura adrenalina e entretenimento, mas falha ao repetir muitos dos erros do passado. A falta de frescor e a estrutura previsível tornam o filme menos impactante do que poderia ser, deixando uma sensação de que a franquia está apenas reciclando suas melhores ideias. Mesmo assim, para aqueles que buscam ação descompromissada, o filme cumpre sua função, ainda que com alguns tropeços.
No fim, Velozes & Furiosos 4 não é mais do que um típico blockbuster de ação, com o apelo de verão, mas lançado em abril. A decisão de lançar o filme antes da temporada de grandes estreias reflete a falta de confiança dos produtores no sucesso do projeto contra produções mais robustas, o que, considerando o resultado final, acaba sendo uma avaliação justa.