Velozes & Furiosos 10 chega prometendo ação e adrenalina, mas entrega mais do mesmo, com uma fórmula que, apesar de barulhenta e cheia de computação gráfica, começa a demonstrar sinais de desgaste. Embora o filme ofereça tudo o que os fãs da franquia esperam — carros velozes, explosões espetaculares e personagens já conhecidos — ele carece de substância, especialmente quando se trata de narrativa e desenvolvimento de personagens. A trama, centrada na vingança de Dante (Jason Momoa), é previsível e exagerada, levando o espectador a um final sem desfecho.
Com 141 minutos de duração, Velozes & Furiosos 10 se revela incompleto. O filme tem início e desenvolvimento, mas nenhum fim, deixando tudo em aberto com uma série de ganchos que visam garantir o retorno do público para os próximos capítulos. Para os fãs mais dedicados, isso pode não ser um problema, mas para os espectadores casuais, essa decisão pode parecer um tanto frustrante. O filme, na verdade, mais se assemelha a uma preparação para a próxima etapa do que a uma história completa em si.
Apesar de algumas tentativas de introduzir novidades, Velozes & Furiosos 10 não traz muito de inovador. O que vemos aqui é um repeteco de uma fórmula que já está cansada desde o quarto filme da série. O excesso de cenas de ação, sem uma sensação real de perigo, transforma tudo em uma sequência visualmente barulhenta, mas sem impacto emocional. Explosões, perseguições e efeitos visuais são abundantes, mas nada disso parece importar de verdade, o que esvazia o impacto de cada cena.
O retorno de Jason Momoa como Dante é um dos poucos elementos que trazem frescor ao filme. Sua interpretação exagerada, com toques de humor e loucura, rouba a cena em várias ocasiões. Momoa entende perfeitamente o quão absurdo o enredo é e abraça essa loucura com gosto, transformando seu personagem no antagonista mais memorável que a série já viu em tempos. Porém, mesmo sua presença marcante não é suficiente para salvar Velozes & Furiosos 10 do vazio que o cerca.
Outro ponto que enfraquece o filme é a tentativa de resgatar elementos do passado da franquia. O longa abre com uma nova versão do clímax de Velozes & Furiosos 5, inserindo personagens que antes não existiam. Embora a nostalgia seja um recurso poderoso, ela é mal utilizada aqui, servindo mais para preencher lacunas narrativas do que para agregar valor à trama atual. Além disso, o uso de imagens de Paul Walker, sem recorrer a truques visuais, acaba soando como uma lembrança um tanto desconfortável.
O elenco de apoio, que inclui nomes como Helen Mirren, Charlize Theron e Brie Larson, é lamentavelmente subaproveitado. Essas estrelas, que trazem consigo grande prestígio, têm pouquíssimo tempo em cena e acabam parecendo meras figuras de apoio, sem relevância para o desenrolar da história. Enquanto isso, Vin Diesel continua a comandar a franquia com sua presença monótona e previsível, levando Dom Toretto a seguir os mesmos passos de sempre.
Não é segredo que, após a trágica morte de Paul Walker, a série perdeu muito de sua alma. O que antes tinha algum peso emocional foi substituído por sequências de ação desmedidas e personagens caricatos. Embora o público ainda aprecie o espetáculo visual, fica claro que Velozes & Furiosos 10 é mais uma tentativa de prolongar a franquia do que uma busca por inovação ou profundidade.
Mesmo com todos os defeitos, o filme ainda tem seus momentos de diversão. As cenas de ação são absurdas, mas, para quem aprecia esse tipo de exagero, há entretenimento garantido. No entanto, para quem espera algo mais, a falta de enredo e a ausência de qualquer desenvolvimento significativo de personagem tornam a experiência tediosa e previsível.
Em resumo, Velozes & Furiosos 10 é mais uma entrada barulhenta e exagerada em uma franquia que parece cada vez mais preocupada em manter sua relevância comercial do que em entregar uma narrativa coesa e envolvente. Para quem ainda aprecia o espetáculo de carros e explosões, há algo aqui, mas para aqueles que buscam mais profundidade, a estrada já parece longa demais.