A Tartaruga Vermelha

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Studio Ghibli faz da sua primeira co-produção outra obra de arte incrível, com "A Tartaruga Vermelha"

A Tartaruga Vermelha, estreia do diretor Michael Dudok de Wit, primeira co-produção do Studio Ghibli, é uma fábula simples e pura que parece uma lenda contada de geração em geração mas desconhecida por nós até agora. Ele soa como uma adaptação de um clássico pouco conhecido de Hans Cristian Andersen. Mas não, essa narrativa cativante é uma trama original de seu diretor, e se torna uma das mais belas animações do ano.

Ponyo – Uma Amizade que Veio do Mar (2008) já possuía um toque de Andersen, como se fosse uma releitura de A Pequena Sereia, mas com A Tartaruga Vermelha o estúdio faz uso de um diretor extremamente autoral para contar uma história intimista e que não poderia ser contada de uma outra forma.

No filme, após sobreviver a um naufrágio, um homem se vê em uma ilha completamente deserta. Lá ele consegue se manter, através da pesca, e tenta construir uma jangada que lhe permita deixar o local. Só que, sempre que ele parte com a embarcação, ela é destruída por um ser misterioso. Logo ele descobre que a causa é uma imensa tartaruga vermelha, com quem manterá uma relação inusitada.

O homem nunca fala, mas mesmo assim vamos construindo suas origens através de seus sonhos, incluindo um em que ele imagina um quarteto de cordas tocando música na praia durante uma maré baixa. No início, ele tenta voltar para o mundo que deixou para trás, mas a tartaruga vermelha não o deixa. Por que a tartaruga não quer que ele vá? E o que ela ganharia com isso? Esses mistérios são revelados pacientemente, mas levam o filme em uma direção totalmente nova e cativante, com detalhes narrativos que acrescentam, e muito, no potencial alegórico do filme.

Ele se apaixona por uma mulher que também não tem falas e sua origem é tão abstrata que parece uma espécie de divindade. A partir do surgimento dela, o homem entra no que pode muito bem ser o primeiro casal do mundo, e lá na ilha, eles iniciam uma família, mas em nenhum momento há um tom paradisíaco como em A Lagoa Azul e aos poucos a ilha traz desafios cada vez mais significativos.

Dudok de Wit resiste a impor significados literais ao seu longa e deixa o material aberto à interpretação do público. A experiência não poderia ser mais diferente em relação às animações norte-americanas. O filme abraça uma calma oriental enquanto o surreal e o ambiente no qual a história se passa desempenham um papel importante como em todas as histórias do Studio Ghibli.

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