É um ótimo tempo para ser nerd. Não importa se você é fã da DC ou da Marvel. O que importa é a conquista de conseguirmos fazer esse Liga da Justiça de Zack Snyder ver a luz do dia.
Se você for fã das empreitadas anteriores do diretor dentro do Universo Estendido da DC (O Homem de Aço e Batman vs Superman – A Origem da Justiça), essa versão do longa de 2017 será um prato cheio. São 4h02 de muita ação e muita câmera lenta, dessa vez com coesão. Tudo faz mais sentido aqui.
No filme, depois de restaurar sua fé na humanidade e inspirado pelo ato altruísta do Superman, Bruce Wayne convoca Diana Prince para combater um inimigo ainda maior, recém-despertado. Juntos, Batman e Mulher-Maravilha buscam e recrutam um time de meta-humanos, mas mesmo com a formação da liga de heróis sem precedentes – Batman, Mulher-Maravilha, Aquaman, Ciborgue, e Flash – poderá ser tarde demais para salvar o planeta de um catastrófico ataque.
A maior vitória aqui é nossa, dos fãs. É a primeira vez que somos ouvidos. Quantas vezes na história filmes não testaram muito bem durante o processo de pós-produção e foram mutilados pelos executivos dos estúdios para tentar abranger um público maior? Metropolis, Soberba, Blade Runner e Era uma vez na América, são apenas alguns exemplos. Pois aqui, o estúdio ouviu o público, trouxe o diretor original de volta e deu toda a liberdade criativa que falharam em dar da primeira vez.
O resultado? Aquilo que queríamos: uma conclusão completa (sem contar no baita gancho para uma sequência que dificilmente acontecerá), recheada de ação e que traz mais um capítulo da mitologia moderna dos heróis da DC como visualizada por Snyder desde o seu O Homem de Aço, em 2013.
A primeira diferença que chama atenção nessa nova-velha versão é a proporção de imagem, 4:3. É o formato quadrado que você está acostumado a ver numa projeção IMAX ou num programa de TV de antigamente (assim como os primeiros episódios de WandaVision emularam muito bem). E, apesar de diminuir as possibilidades visuais que um widescreen traria, você acostuma com o formato rapidamente.
A história é muito mais coesa e está sempre acompanhada pela trilha fantástica de Tom Holkenborg, que voltou para completar seu trabalho e, no processo cria temas fantásticos para alguns heróis e resgata os temas mal explorados de outros (o tema de Mulher-Maravilha é maravilhoso, porém usado apenas pontualmente em seus respectivos filmes).
A comparação dos heróis com deuses mitológicos é o que mais chama atenção nesse universo Snyderiano. E aqui, na sua versão de Liga da Justiça, isso não poderia estar mais forte e presente no cerne da produção. É o que diferencia totalmente o Universo DC do Universo Marvel. O peso das coisas! Aqui temos uma ópera dramática com toques de humor, lá temos algo leve e repleto de humor (e no fundo, tem espaço para ambos).
Minha análise para o filme é simples. Quer você seja fã ou não, terá que admitir que essa é uma ópera do diretor, do começo ao fim. Sua presença é sentida em cada personagem, estrofe e nota. Isso, para mim, é ótimo. Então bora aproveitar essa conquista maravilhosa!