007 Contra Octopussy é, sem dúvidas, uma das entradas mais curiosas e excêntricas na longa franquia de James Bond. Lançado em 1983, o filme competiu diretamente com o retorno de Sean Connery em 007 – Nunca Mais Outra Vez. No entanto, mesmo com Roger Moore ainda no papel de 007 e um enredo que tenta ser grandioso, o resultado final se perde em meio a uma trama convoluta e momentos de puro exagero.
O filme começa com Bond investigando o assassinato do agente 009 e seguindo a pista de uma joia Fabergé roubada, o que o leva a um esquema de contrabando, falsificações e uma conspiração nuclear. Como muitos filmes de Bond, 007 Contra Octopussy tenta mesclar vários elementos, mas aqui a narrativa se torna tão complicada que, em certos momentos, parece não fazer sentido algum. A simplicidade que funciona tão bem em outros filmes da franquia é substituída por reviravoltas e subtramas que, no final, mais confundem do que entretém.
A vilania é dividida entre dois antagonistas principais: Kamal Khan, interpretado pelo sempre elegante Louis Jourdan, e o General Orlov, vivido por Steven Berkoff. Enquanto Jourdan oferece uma performance fria e sofisticada que combina bem com o estilo clássico dos vilões de Bond, Berkoff exagera tanto em seu papel que suas cenas se tornam quase caricatas. O desequilíbrio entre os dois antagonistas torna difícil levar a ameaça de Orlov a sério, especialmente quando comparado a outros vilões memoráveis da série.
Maud Adams, que interpreta a misteriosa Octopussy, é a Bond girl titular, mas, curiosamente, sua participação na trama é mais limitada do que o título sugere. Ela tem um papel significativo, mas não consegue marcar tanta presença quanto outras parceiras de Bond ao longo da série. Kristina Wayborn, como Magda, também é relegada ao segundo plano. Aqui, o foco de Bond parece estar menos em suas interações com as mulheres e mais nas sequências de ação exageradas e disfarces inusitados.
O filme se passa em uma variedade de locações, de Nova Délhi a Cuba e Alemanha, o que proporciona uma série de cenários vibrantes e exóticos. No entanto, essas paisagens são, por vezes, ofuscadas por momentos completamente absurdos, como a cena em que Bond imita Tarzan em plena selva indiana, ou quando ele se disfarça de gorila e palhaço. Enquanto o humor sempre fez parte da franquia, 007 Contra Octopussy ultrapassa a linha entre o espirituoso e o ridículo, deixando o público rindo mais do filme do que com ele.
Apesar das falhas, o filme consegue se redimir em algumas de suas espetaculares sequências de ação. A perseguição de jato contra um míssil no início é um dos melhores momentos de abertura da série, e a sequência no topo de um trem em movimento também é cheia de adrenalina. O clímax a bordo de um avião em pleno voo adiciona ainda mais tensão, provando que, mesmo quando a trama falha, as acrobacias e cenas de ação ainda podem manter o público vidrado no filme.
Roger Moore, neste ponto da franquia, parecia estar esgotado. Seu desempenho em 007 Contra Octopussy carece do brilho que ele trouxe em filmes anteriores como 007 – O Espião Que Me Amava. Seu Bond se tornou uma caricatura, e a energia que ele outrora trouxe para o papel parece estar se esvaindo. A decisão de Moore de se aposentar do papel após este filme parecia apropriada, mas ele acabaria retornando mais uma vez em 007 – Na Mira dos Assassinos.
Em resumo, 007 Contra Octopussy é um filme que tenta misturar o charme e a ação característicos de Bond com um enredo complexo e humor exagerado. Embora tenha seus momentos divertidos, o excesso de absurdos e a trama excessivamente complicada fazem deste um dos filmes mais divisivos da franquia. Para os fãs de Roger Moore, é uma oportunidade de vê-lo mais uma vez como o icônico espião, mas é inegável que este filme sinalizou o início do fim de sua era como James Bond.