Com 007 Só Se Vive Duas Vezes é frequentemente lembrado como o “Bond japonês”, levando James Bond ao Extremo Oriente em sua quinta aventura cinematográfica. Este também marca a última aparição consecutiva de Sean Connery como o espião britânico, antes de seu retorno em 007 – Os Diamantes São Eternos (1971) e Nunca Mais Outra Vez (1983). Embora Connery esteja em plena forma, o filme em si está longe de ser um dos melhores da série.
O problema aqui reside principalmente na trama. A história ultrapassa os limites da credibilidade, mesmo quando se trata de filmes de Bond. Blofeld (Donald Pleasence), o líder da SPECTRE, orquestra o sequestro de naves espaciais americanas e soviéticas, com o objetivo de desencadear uma guerra entre as superpotências. A missão de Bond é encontrar provas para evitar o conflito, o que o leva ao Japão, onde ele se alia à bela e eficiente Aki (Akiko Wakabayashi) e ao chefe dela, Tiger Tanaka (Tetsuro Tamba), enquanto busca a base da SPECTRE e as cápsulas espaciais escondidas.
A primeira metade de Com 007 Só Se Vive Duas Vezes é sólida, com cenas de ação habilidosamente executadas e o desenvolvimento de uma relação calorosa entre Bond e Aki. No entanto, a partir da segunda metade, quando o enredo se torna mais exagerado, o filme começa a perder força. Embora muitos fãs apreciem as aventuras mais extravagantes de 007, uma dose de moderação teria sido bem-vinda. Fugir de perseguições selvagens, usar gadgets incríveis e escapar da morte são sempre pontos altos, mas foguetes que engolem espaçonaves são um passo além do aceitável.
Um dos pontos mais decepcionantes do filme é a revelação de Blofeld. Em Moscou Contra 007 e 007 Contra a Chantagem Atômica, ele era apenas uma voz ameaçadora, com sua aparência cuidadosamente escondida. Em Com 007 Só Se Vive Duas Vezes, finalmente vemos seu rosto, e é uma decepção descobrir que Blofeld é interpretado por um Donald Pleasence que, apesar de ser um bom ator, não consegue transmitir a aura diabólica que o personagem exige.
Ainda assim, qualquer filme de Bond com Sean Connery tem seu valor. As perseguições, lutas e acrobacias continuam impressionantes, e o toque japonês, com Bond aprendendo as artes ninjas e usando esse conhecimento para escapar de tentativas de assassinato, adiciona uma camada interessante ao filme. Além disso, como de costume, há uma variedade de mulheres para Bond conquistar, tanto europeias quanto asiáticas, o que mantém o charme característico da série.
Por mais que o filme se perca um pouco na sua extravagância, ele ainda carrega o estilo inconfundível de Bond, repleto de sagacidade e aventuras emocionantes. A sequência em que Bond enfrenta assassinos enquanto se move com agilidade e inteligência mantém o público engajado, lembrando-nos do porquê de Connery ser o favorito de muitos fãs da franquia.
A ambientação no Japão também traz um frescor visual ao filme, com locações exóticas e uma cultura diferente que contribuem para diversificar o repertório de Bond. Desde lutas de samurais até perseguições em telhados, a mistura de tradições japonesas com a ação de espionagem típica de Bond é um dos maiores atrativos de Com 007 Só Se Vive Duas Vezes.
No fim das contas, apesar de seus excessos e de algumas escolhas questionáveis de roteiro, Com 007 Só Se Vive Duas Vezes oferece uma experiência divertida para os fãs de longa data. O filme pode não estar no topo da lista dos melhores da franquia, mas, como sempre, é capaz de entreter e surpreender com seu charme e ousadia típicos de James Bond.