007 Contra a Chantagem Atômica, lançado em 1965, marca o quarto filme da franquia James Bond e solidifica a “fórmula Bond” que conquistou o público na década de 1960. Nesta fórmula, temos o agente impecável, sempre com um terno bem cortado e pronto para disparar frases espirituosas, cercado por belas mulheres, locações exóticas, gadgets inovadores, cenas de ação grandiosas e um vilão megalomaníaco. Tudo embalado pela trilha sonora inconfundível de John Barry. Esse conjunto fez de Bond um fenômeno duradouro, tanto na época quanto nas décadas seguintes.
007 Contra a Chantagem Atômica conta com a mesma equipe criativa que trouxe os primeiros sucessos de Bond para as telas: Sean Connery como o espião titular, o diretor Terence Young, o roteirista Richard Maibaum e o designer de sequência de abertura Maurice Binder. O filme foi um enorme sucesso, superando as bilheteiras tanto no Reino Unido quanto nos Estados Unidos e se tornando o filme de Bond mais popular de sua época. O impacto de 007 Contra a Chantagem Atômica foi tão grande que, 18 anos depois, ele foi refeito como 007 – Nunca Mais Outra Vez, com Connery novamente no papel.
A trama, desta vez, coloca a SPECTRE novamente em ação, liderada por Emilio Largo (Adolfo Celi), o vilão número dois da organização. O plano de Largo envolve o roubo de duas bombas nucleares, com as quais ele ameaça destruir uma grande cidade se os governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha não pagarem o resgate. James Bond é enviado para Nassau, nas Bahamas, onde precisa localizar as bombas, impedir o ataque e enfrentar Largo, enquanto conta com a ajuda de Felix Leiter e de Domino (Claudine Auger), amante do vilão.
Embora a trama seja tensa e envolvente, o filme sofre com sua longa duração. Com mais de duas horas de projeção, algumas sequências, especialmente a batalha final debaixo d’água, poderiam ter sido reduzidas. O confronto submarino, embora visualmente impressionante, acaba se estendendo além do necessário, diminuindo um pouco o ritmo no clímax. Além disso, comparado aos vilões anteriores, Largo não é tão memorável quanto Dr. No ou Goldfinger, sendo interpretado de forma mais bruta e menos sofisticada.
O que salva essa lacuna de Largo é a presença da femme fatale Fiona (Luciana Paluzzi), cuja atuação como uma perigosa agente da SPECTRE oferece uma camada de sofisticação e ameaça que complementa a trama. Sua personagem é mais ameaçadora que muitos dos antagonistas masculinos da organização, e Paluzzi entrega uma performance sedutora e letal, tornando Fiona uma das vilãs mais memoráveis do filme.
Sean Connery, nesta altura, já domina completamente o papel de James Bond. Com três filmes bem-sucedidos na bagagem, ele exala confiança e charme. Embora o Bond dos filmes seja diferente daquele dos livros de Ian Fleming, Connery estabeleceu um padrão que seria difícil de superar. Sua interpretação, cheia de charme, sagacidade e força, marcou para sempre o personagem, e é fácil entender por que ele é frequentemente considerado o Bond definitivo, mesmo depois de tantos atores sucedendo-o no papel.
As sequências subaquáticas são o grande destaque visual de 007 Contra a Chantagem Atômica. O trabalho de fotografia de Lamar Boren brilha nas cenas sob o oceano, trazendo uma beleza e clareza que impressionam. No entanto, essa ênfase em cenas subaquáticas também significa que Connery passa mais tempo em trajes de banho do que em seu famoso smoking. Ainda assim, o filme consegue capturar a essência do que tornou a franquia tão atraente para o público da época.
Em termos de ação, o filme cumpre sua promessa, entregando algumas das sequências mais memoráveis da franquia até então. A perseguição de Bond para impedir uma catástrofe nuclear, o confronto com Largo e a luta subaquática são destaques. Mesmo com suas falhas de ritmo, o filme mantém o espectador imerso na tensão e no suspense.
No final das contas, 007 Contra a Chantagem Atômica não é o melhor filme da série, mas é, sem dúvida, um capítulo essencial na história de James Bond. Ele encapsula tudo o que os fãs amam na franquia: ação de tirar o fôlego, vilões maiores que a vida, locais deslumbrantes e, claro, Sean Connery em plena forma. Para quem busca uma aventura empolgante e clássica do espião mais famoso do cinema, este filme é uma excelente pedida.