O título pode até ser O Incrível Hulk, mas o personagem está mais para um lutador de luta livre com um bronzeado incrivelmente pantanoso. Quando ele não está correndo pelas favelas brasileiras (pessimamente representadas) aprimoradas por computação ou destruindo a maior parte do Harlem no final desta empreitada computacional, ele está dormindo profundamente dentro de um Edward Norton magro, nada verde e totalmente sem graça. Devo dizer que prefiro seu interior anabolizado.
Norton se junta a Robert Downey Jr. na Marvel, dividindo seu tempo em tela com um departamento de efeitos especiais bastante empenhado. Mas enquanto em Homem de Ferro, Downey Jr. parece a vontade e se divertir extravagantemente. Norton é uma chatice só. Em parte, isso é até uma questão de necessidade. Para que ele não se transforme no Hulk, o personagem de Norton, Dr. Bruce Banner, deve manter sua frequência cardíaca controlada. O filme nos informa no início que já são 158 dias sem incidentes e o segue a partir daí, miseravelmente, na fuga do governo num Rio de Janeiro inverossímil e nada atraente.
Tudo é explicado em uma sequência de abertura rápida. A essência do que se segue é que o General “Thunderbolt” Ross (William Hurt) está ansioso para capturar Bruce e usar seu sangue para iniciar uma corrida para criar supersoldados. Assim como na série de televisão dos anos 1970 Bruce se torna um fugitivo solitário.
Norton aparece deprimido no papel assim como Bill Bixby fez na TV. Sempre que Liv Tyler está por perto, como Betty Ross, a namorada de Bruce e filha do general, Norton muda um pouco de fisionomia. Já Tim Roth não se sai muito melhor. Ele aparece como Blonsky, um mercenário britânico trabalhando para o general e ansioso por sentir o gostinho do poder de Bruce. Desnecessário dizer ele consegue, mas de uma maneira bem diferente.
A equipe de efeitos faz muito do trabalho pesado. Na verdade, todas as acrobacias e efeitos parecem extremamente impressionantes graças a equipe. O grande clímax destruidor é um espetáculo empolgante, embora editado de forma bastante confusa, colocando o Hulk contra a besta Abominável que Blonsky se torna (nome do vilão nos quadrinhos). No entanto, assistir esses dois gigantes gerados por computador não empolga tanto quanto o clímax de Homem de Ferro, justamente por não conseguirmos nos conectar tão bem com o personagem principal.
Há um certo prazer em algumas das cenas de ação de O Incrível Hulk, como quando o gigante esmeralda bate duas metades de um carro como pratos ou bate a cabeça do Abominável contra a rua. Mas a melhor coisa do filme é feita por um de seus atores. Tim Blake Nelson, chega na segunda metade do filme, como professor de biologia, que é o único cientista com o entusiasmo por descobertas no filme. Enquanto isso, Liv Tyler interpreta sua cientista como uma mulher administrando uma galeria de arte.
O roteirista Zak Penn conhece a Marvel, tendo participado de X-Men 2 e Elektra, enquanto o diretor Louis Leterrier sabe trabalhar uma sequência de ação (ele fez os dois Carga Explosiva). Mas em suas determinações de fazer um filme de ação grandioso, eles se esqueceram apenas de fazer um mais interessante.