O Universo Cinematográfico Marvel não é conhecido por escolher diretores autorais para comandar os seus filmes. Isso vem mudando desde a escolha de Joe e Anthony Russo (que dirigiram os dois últimos Capitão América: Soldado Invernal e Guerra Civil, e serão os responsáveis pelos próximos dois Vingadores), Jon Watts (Homem-Aranha: De Volta ao Lar) e James Gunn (Guardiões da Galáxia, Vol. 1 e Vol. 2).
É nesse sentido que assistir Taika Waititi (O Que Fazemos nas Sombras) continuar a história do Deus do Trovão com Thor: Ragnarok, depois do mediano Thor, de 2011, e Thor: O Mundo Sombrio, de 2014, se torna uma experiência e tanto. Ragnarok é bobo, mas divertido ao extremo, e uma grande oportunidade para Chris Hemsworth mostrar seu timing cômico aprimorado em Férias Frustradas e Caça-Fantasmas, o que se dá graças à visão de Waititi, um diretor cujo humor peculiar está presente em toda a carreira.
No filme, Thor (Hemsworth) está aprisionado do outro lado do universo, sem seu martelo, e se vê em uma corrida para voltar a Asgard e impedir o Ragnarok – a destruição de seu mundo e o fim da civilização asgardiana – que pode acontecer pelas mãos de uma nova e poderosa ameaça, a terrível Hela (Cate Blanchett, que também chega hoje aos cinemas com outros 13 papéis em Manifesto). Mas primeiro ele precisará sobreviver a uma batalha de gladiadores que o coloca contra seu ex-aliado e vingador – o Incrível Hulk (Mark Ruffalo).
Sakaar, o planeta em que Thor é aprisionado e encontra o Hulk gladiador (adaptado de Planeta Hulk, uma das melhores histórias do herói) é um grande lixão comandado pelo Grão-Mestre (Jeff Goldblum, de Jurassic Park) – o ator é a escolha certa para o papel e parece se divertir com cada uma de suas falas. Blanchett é outra que se entrega à diversão, mas sempre impondo respeito e tendo seus ataques de fúria dignos dos mais aterrorizantes psicopatas (Mindhunter de Asgard teria ela como personagem, com certeza).
O tom é nitidamente o mesmo de Guardiões da Galáxia e pela primeira vez Thor não se transforma numa peça Shakespeariana. O colorido do filme e a trilha de sintetizadores não combinariam em nada com o primeiro filme, de 2011.
Parece que a Marvel compreendeu que trazer diretores com assinatura não faz mal à fórmula do estúdio. Porém, justamente nos momentos em que Ragnarok se prende à fórmula é que dá umas pequenas patinadas que parecem diminuir o ritmo do longa. Nada demais, é verdade. Até porque, o saldo é extremamente positivo.
P.S.: Há duas cenas pós-créditos no filme. Uma no meio e outra ao final dele.