Não há maldição maior para um filme de quadrinhos do que quando ele se leva muito a sério. Talvez seja justamente este o segredo do sucesso dos Guardiões da Galáxia. O primeiro, lançado em 2014, era recheado das piadinhas já famosas dos filmes da Marvel e ia além, parecia composto inteiramente por elas. Guardiões da Galáxia Vol. 2 tem ainda mais piadas, mas não é a surpresa do primeiro filme.
Não se engane… o Volume 2 ainda é um ótimo filme do estúdio, mas não é tão espetacular quanto o antecessor, por assim dizer. A diversão ainda está toda lá, mas é menos involuntária.
Talvez isso seja inevitável. Nenhuma piada, não importa o quão bem seja contada, é tão engraçada na segunda vez. Mas ainda é possível ter ótimos momentos ao longo dela ainda assim.
Três anos atrás, quando fomos apresentados a história de origem do grupo disfuncional de Guardiões, Guardiões da Galáxia era a novidade que todo mundo precisava em se tratando de filmes de heróis. Sua aguardada sequência sofre do mal da expectativa, mas nem é assim um sofrimento tão grande.
No filme, agora já conhecidos como os Guardiões da Galáxia, os guerreiros viajam ao longo do cosmos e lutam para manter sua nova “família” unida. Enquanto isso tentam desvendar os mistérios da verdadeira paternidade de Peter Quill (Chris Pratt).
A novidade é que o filme se aproxima ainda mais de Star Wars ao separar o grupo de protagonistas em diferentes grupos menores e normalmente cheios de conflitos e assuntos para resolver. Gamora e Nebulosa precisam trabalhar suas diferenças. Quill precisa conhecer o seu pai, interpretado por Kurt Russell. Enquanto isso, não há tanto espaço para guaxinins falantes e árvores andantes em miniatura, mesmo que essas sejam as melhores participações nesse segundo volume.
Temos Quill e Gamora dançando em torno de uma atração mútua não verbalizada, como um paradoxo de Sam e Diane, protagonistas da série Cheers. Então qual a solução que o roteiro dá para não verbalizar de fato essa atração? Fazer uma piada justamente sobre Sam e Diane. Mas sinceramente, reconhecer os clichês pelos quais o filme trafega não os torna menos clichês. Especialmente quando Pratt e Saldana tem uma química tão incrível em tela.
É possível se sentir levemente desapontado por Guardiões da Galáxia Vol. 2? Sim. Mas ainda assim, assistir ao longa é uma experiência maravilhosa. Ele é mais inteligente que muito filme por aí, só não tanto quanto o primeiro. Ainda faz parte do primeiro escalão de filmes da Marvel, só não é tão original e imprevisível quanto o Volume 1. É um belo exemplar Marvel, mas seu antecessor ainda pode ser considerado o número 1, literalmente e figurativamente.