Homem-Aranha 3 representa a culminação da trilogia iniciada em 2002, com a mesma equipe de elenco e produção. Este fato garante um certo nível de continuidade, mas também traz alguns desafios. Enquanto Homem-Aranha 2 foi criticado por ter um enredo relativamente simples para sua longa duração, Homem-Aranha 3 sofre do problema oposto: muitos enredos e vilões em um único filme, o que acaba prejudicando a qualidade final.
O filme começa de forma promissora. Peter Parker (Tobey Maguire) parece ter finalmente encontrado um equilíbrio entre sua vida como o Homem-Aranha e seu relacionamento com Mary Jane (Kirsten Dunst). No entanto, sua autoconfiança exagerada e a admiração dos fãs, incluindo Gwen Stacy (Bryce Dallas Howard), fazem com que ele comece a negligenciar aqueles que mais importam para ele. A introdução de Flint Marko, também conhecido como Homem-Areia (Thomas Haden Church), traz um novo desafio, especialmente quando se descobre sua ligação com a morte do tio Ben.
O filme se perde ao tentar equilibrar três vilões: Homem-Areia, Venom (Topher Grace) e o novo Duende Verde (James Franco). Esta escolha de enredo não só sobrecarrega o filme, mas também dilui o impacto emocional que cada vilão poderia ter individualmente. Venom, em particular, parece mal desenvolvido e forçado na narrativa, um erro que desvia a atenção do que poderia ter sido uma exploração mais profunda dos conflitos internos de Peter.
A cena de ação inicial, com Peter e Harry lutando pelas ruas de Nova York, é uma das mais empolgantes do filme. No entanto, a introdução do Homem-Areia é um tanto decepcionante. Apesar da atuação comovente de Thomas Haden Church, o personagem não recebe o desenvolvimento necessário para se tornar um antagonista memorável. Venom, por sua vez, é um desastre completo em termos de realização e impacto na história.
O clímax do filme é confuso e anticlimático. A batalha final falha em capturar a emoção e a tensão necessárias, e a resolução dos arcos dos personagens, especialmente o do Homem-Areia, é fraca e insatisfatória. Além disso, os efeitos especiais, que deveriam ser um dos pontos altos, são inconsistentes e frequentemente óbvios demais, quebrando a imersão.
Homem-Aranha 3 repete muitos dos temas e ideias dos filmes anteriores, mas de maneira menos eficaz. O triângulo amoroso entre Peter, Mary Jane e Harry parece estar girando em círculos, sem adicionar nada novo à narrativa. Peter ainda luta com seus demônios internos e a culpa pela morte do tio Ben, enquanto Mary Jane mais uma vez assume o papel de donzela em perigo. As cenas de luta, embora bem coreografadas, não têm a mesma originalidade ou impacto das dos filmes anteriores.
Personagens secundários, como Gwen Stacy e seu pai, são introduzidos sem muito propósito, servindo apenas para confundir ainda mais a trama. Até mesmo o habitual alívio cômico de Bruce Campbell parece deslocado, mais parecido com esquetes de Monty Python do que com o tom geral do filme.
A reação do público foi majoritariamente negativa, especialmente entre os fãs mais dedicados. Homem-Aranha 3 é, sem dúvida, o ponto mais fraco da trilogia. Enquanto os dois primeiros filmes eram aventuras leves e divertidas, este terceiro filme se torna uma tarefa árdua de assistir. A série teria se beneficiado em parar no segundo filme, mantendo a qualidade e a satisfação do público. Ao tentar expandir demais, Homem-Aranha 3 acaba sendo um exemplo clássico de como “mais” nem sempre é melhor.