Invasão Secreta é uma minissérie da Marvel baseada na aclamada série de quadrinhos de mesmo nome, onde Nick Fury (Samuel L. Jackson) assume o papel principal em uma trama de espionagem com uma abordagem mais discreta em relação aos super-herois. A série promete um thriller no estilo da Guerra Fria, mas acaba por não conseguir manter a tensão e o medo que o seu formato sugere. O resultado é uma série de seis episódios onde cada ideia intrigante é contrabalançada por uma sensação persistente de tédio.
O conceito central de Invasão Secreta é, sem dúvida, fascinante. Os Skrulls, uma espécie alienígena metamorfa, planejam tomar a Terra infiltrando-se nas forças armadas e governos humanos. Cabe a Fury descobrir os inimigos e proteger o planeta. A premissa lembra um cruzamento entre Invasores de Corpos e Capitão América: O Soldado Invernal, com um toque de cinema da Guerra Fria. No entanto, a série falha em esconder os Skrulls, apresentando-os em suas formas verdadeiras desde o início. Sem a tensão constante de não saber quem é um Skrull, Invasão Secreta perde o elemento de paranoia que faz suas inspirações de espionagem funcionarem.
Diferentemente dos quadrinhos de 2008, onde cada edição ameaçava revelar que seu super-heroi favorito era na verdade um alienígena, a versão da Disney+ se afasta dos super-herois e segue seu próprio caminho. Apesar disso, a interpretação alternativa raramente encontra seu próprio ritmo, resultando em uma falta de perigo genuíno e uma narrativa frequentemente monótona.
Apesar da falta de medo, as histórias subjacentes que impulsionam Invasão Secreta possuem bastante potencial. Como aprendemos em Capitã Marvel, os Skrulls são refugiados em busca de um lar nos cinemas, em vez dos agressivos extraterrestres dos quadrinhos. A série começa com uma atmosfera densa e inquietante, mas não consegue manter esse tom ideal, perdendo-se em tramas genéricas de filmes de espionagem. A falta de uma agenda coerente dos Skrulls faz com que o projeto do estúdio mais complexo da televisão até o momento pareça superficial.
Kingsley Ben-Adir traz profundidade ao personagem Gravik, líder da invasão, mas ele acaba caindo na armadilha dos vilões de ser mal desenvolvido. O personagem é bem estabelecido, mas suas ações e diálogos carecem de complexidade. Mesmo os melhores momentos de Gravik são ofuscados pela repetição de temas já explorados em Falcão e o Soldado Invernal, fazendo com que Invasão Secreta pareça pouco inspirada em seus momentos mais interessantes.
Samuel L. Jackson mantém um alto padrão de qualidade, sendo o coração da série como Nick Fury. Ele explora um lado mais vulnerável e abalado do personagem, proporcionando uma interessante análise sobre como enfrentar a mortalidade pode abalar o senso de propósito de alguém. No entanto, a série frequentemente deixa de lado esse estudo fascinante em favor de sua trama. Jackson é rodeado por um elenco forte, mas muitos, como Don Cheadle e Ben Mendelsohn, são subutilizados, não tendo a oportunidade de explorar a profundidade de seus personagens.
Olivia Colman, como Sonya Falsworth, destaca-se com uma performance energética e cômica, equilibrando o tom mais sombrio da série. Sua habilidade de entregar falas incisivas com um sorriso doce prova que a Marvel pode manter um tom perigoso sem perder o humor. No entanto, a direção de Ali Selim carece da composição de cenas impactantes e coreografias de ação dinâmicas vistas em filmes como Capitão América: O Soldado Invernal e Guerra Civil. A série sofre ao apresentar momentos explosivos em cenários desinteressantes, deixando a desejar em comparação com a criatividade de outras produções do gênero.
Invasão Secreta acaba sendo uma série de espionagem subestimada e frequentemente enfadonha, falhando em capturar a emoção e a ameaça que sua premissa sugere. As boas ideias presentes são sufocadas pela falta de complexidade e intriga, impedindo a série de se tornar algo verdadeiramente cativante. Mesmo com performances sólidas de Samuel L. Jackson e Olivia Colman, a série não consegue transformar suas boas intenções em uma narrativa genuinamente envolvente.