Elektra, estrelado por Jennifer Garner, é uma tentativa de aprofundar e explorar a complexa personagem introduzida em Demolidor: O Homem Sem Medo. Infelizmente, apesar das boas intenções, o filme acaba sendo uma experiência decepcionante que não consegue sustentar a intensidade necessária para uma protagonista tão intrigante.
A trama segue Elektra, que, após ressuscitar dos mortos, se torna uma assassina profissional. Ela é contratada para eliminar um homem chamado Mark (Goran Visnjic) e sua filha Abby (Kirsten Prout), mas, ao descobrir que eles são alvo de uma organização maligna conhecida como “A Mão”, decide protegê-los. Enquanto tenta salvar Abby e Mark, Elektra enfrenta seus próprios demônios internos e busca redenção por seu passado turbulento.
Jennifer Garner, que já havia mostrado potencial como Elektra em Demolidor, não consegue segurar o peso do filme sozinha. Sua interpretação é competente, mas a personagem é prejudicada por um roteiro fraco e uma direção que não aproveita sua complexidade. A transição de coadjuvante para protagonista é desajeitada, e Garner parece perdida em várias partes do filme, lutando para encontrar um equilíbrio entre a ação intensa e os momentos de introspecção.
O filme tenta uma abordagem mais metafísica, desviando-se da fórmula tradicional dos filmes de super-herois. Em vez de enfrentar um vilão que ameaça o mundo, a narrativa se concentra em uma batalha mais interna e pessoal. Essa escolha poderia ter sido interessante, mas o desenvolvimento superficial dos personagens e a falta de profundidade no roteiro tornam essa tentativa ineficaz. O conceito de “A Mão” como uma organização de vilões com poderes sobrenaturais é interessante, mas mal explorado.
As cenas de ação, que deveriam ser o ponto alto do filme, são em grande parte decepcionantes. Embora haja um esforço para incorporar técnicas de artes marciais de Hong Kong, a execução é desajeitada e confusa. A batalha climática entre Elektra e seu nêmesis Kirigi (Will Yun Lee) tem momentos enérgicos, mas a resolução é insatisfatória, deixando a sensação de que algo crucial está faltando.
O filme introduz vários elementos intrigantes, como a experiência de quase-morte de Elektra e seu transtorno obsessivo-compulsivo, mas esses aspectos são apenas superficialmente tocados. As relações humanas, especialmente entre Elektra e Stick (Terence Stamp), Abby e Mark, são subdesenvolvidas, deixando os personagens sem a conexão emocional necessária para que o público realmente se importe com eles. O possível romance entre Elektra e Mark nunca se concretiza de maneira convincente, resultando em uma dinâmica forçada e sem química.
Elektra se junta a uma lista de adaptações de quadrinhos que não conseguiram capturar a essência de seus personagens. Sem um roteiro viável, a personagem principal fica sem direção e acaba parecendo ridícula em várias ocasiões. Garner fica bem no traje vermelho de Elektra, mas a não praticidade do figurino muitas vezes distrai, um problema que filmes mais envolventes conseguem evitar. Quando um filme de super-heroi falha em cativar seu público, ele tende a parecer extremamente tolo, e essa é uma descrição apropriada para essa produção.
Em resumo, Elektra não consegue se destacar como uma adaptação de quadrinhos bem-sucedida. Embora tenha momentos que sugerem potencial, a falta de um roteiro sólido e o desenvolvimento inadequado dos personagens resultam em uma experiência esquecível.