O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro é um lembrete de como filmes de super-herois podem facilmente cair em clichês e falta de originalidade. O segundo filme da nova saga do Homem-Aranha, estrelado por Andrew Garfield, tenta explorar várias tramas e personagens, mas acaba se perdendo em meio a uma narrativa fragmentada e efeitos especiais exagerados.
A história começa com Peter Parker (Andrew Garfield) aproveitando a vida como Homem-Aranha, apesar dos desafios que isso traz para seu relacionamento com Gwen Stacy (Emma Stone) e sua tia May (Sally Field). Peter ainda está lidando com a promessa feita ao pai de Gwen de que se afastaria dela para protegê-la, o que o deixa em constante conflito. Paralelamente, seu amigo de infância, Harry Osborn (Dane DeHaan), retorna à cidade, e surge um novo vilão poderoso: Electro (Jamie Foxx).
Desde o início, é evidente que o filme tenta cobrir muitas frentes. A Oscorp, a gigante tecnológica onde Gwen trabalha, é o centro de muitas ações, mas a trama se dilui ao tentar desenvolver múltiplos arcos narrativos. Enquanto Gwen brilha com sua personalidade cativante, Peter, no começo do filme, se mostra arrogante e pouco simpático. Aos poucos, ele é humanizado pelo roteiro, especialmente quando decide romper com Gwen para protegê-la.
O retorno de Harry Osborn é tratado de maneira apressada, com a amizade dele e de Peter sendo forçada para o público sem a profundidade necessária. Diferente de outras relações de amizade no gênero, como a de Capitão América e Bucky Barnes, a conexão entre Peter e Harry não convence. A transformação de Harry em Duende Verde também não possui o peso trágico esperado, tornando-se mais uma convenção de vilão genérico.
O vilão principal, Electro, interpretado por Jamie Foxx, é outro ponto fraco. Sua origem e motivações são mal desenvolvidas, e ele se torna mais um dispositivo para cenas de ação do que uma ameaça real. Sua presença no filme lembra a do Homem-Areia em Homem-Aranha 3, servindo apenas para diversificar as batalhas. Além disso, o uso excessivo de computação gráfica em Electro tira a sensação de realismo das cenas.
Apesar dos problemas com o desenvolvimento dos vilões, a química entre Andrew Garfield e Emma Stone é um dos pontos altos do filme. Eles conseguem trazer autenticidade para suas interações, embora não atinjam a mesma intensidade emocional que Tobey Maguire e Kirsten Dunst em seus respectivos papeis. Garfield, no entanto, mantém uma postura de “descolado demais” que não condiz com o Peter Parker dos quadrinhos.
A narrativa do filme é arrastada e dispersa, especialmente pela falta de um antagonista claro por grande parte do tempo. Quando o Duende Verde finalmente aparece, sua entrada é tardia e não consegue elevar o nível do conflito. O mesmo vale para o Rhino, cuja aparição é ainda mais breve e superficial. Isso resulta em um roteiro que se arrasta e tenta se sustentar através de um drama superficial.
No entanto, os últimos 15 minutos de O Espetacular Homem-Aranha 2 conseguem resgatar parte do filme. Ao adaptar um arco famoso dos quadrinhos, essa parte final traz uma honestidade e intensidade que faltaram no restante do filme. A tragédia dá um peso emocional e um senso de realidade que eleva a produção. É uma pena que o resto do filme não consiga manter esse nível de qualidade.
Em suma, O Espetacular Homem-Aranha 2 é um filme de altos e baixos, com momentos tocantes e cenas de ação bem feitas, mas também com uma trama fragmentada e vilões mal desenvolvidos. Marc Webb, o diretor, mostra competência na condução técnica, mas é prejudicado por um roteiro que tenta abraçar mais do que pode. Tomara que futuras sequências consigam encontrar um equilíbrio melhor e oferecer uma narrativa mais coesa e envolvente.