Morbius, estrelado por Jared Leto, tenta trazer uma nova camada ao universo dos super-herois com uma história de origem sombria e complexa, mas acaba falhando em entregar uma experiência satisfatória. Dirigido por Daniel Espinosa, o filme é uma tentativa de explorar o lado mais obscuro dos quadrinhos da Marvel, focando em Michael Morbius, um cientista que se transforma em um pseudo-vampiro após tentar curar sua rara doença sanguínea.
A premissa é até intrigante: um cientista brilhante, Morbius, que luta contra uma doença debilitante desde a infância, dedica sua vida a encontrar uma cura. Ele experimenta com DNA de morcegos e, em um ato de desespero, usa a si mesmo como cobaia. O resultado é uma transformação drástica que lhe concede habilidades sobre-humanas, mas com um custo terrível: a necessidade de consumir sangue humano. A transformação física e psicológica de Morbius é bem trabalhada, mostrando seu conflito interno e a luta para manter sua humanidade.
Apesar do potencial, o filme se perde em uma narrativa previsível e clichê. A história segue uma trajetória familiar de origem de super-heroi, onde o protagonista ganha seus poderes, enfrenta um dilema moral e eventualmente enfrenta um vilão com habilidades similares. O vilão, Milo (interpretado por Matt Smith), um amigo de infância de Morbius, injeta-se com o mesmo soro e se torna a principal ameaça. A rivalidade entre Morbius e Milo, embora tenha momentos de tensão, carece de profundidade e originalidade, tornando-se um confronto genérico e sem impacto.
Os efeitos visuais e as cenas de ação são competentes, mas não se destacam. A utilização do poder de ecolocalização de Morbius, por exemplo, é visualmente interessante, mas mal explicada e incoerente dentro do contexto do filme. A tentativa de misturar elementos de horror com o gênero de super-herois resulta em uma tensão não resolvida, com o filme incapaz de se comprometer totalmente com qualquer um dos estilos. A classificação livre também limita a exploração mais sombria e violenta do personagem, prejudicando o impacto emocional da narrativa.
Jared Leto traz sua intensidade habitual ao papel principal, mas sua performance é prejudicada por um roteiro fraco e diálogos pouco inspirados. Leto é eficaz em retratar o tormento interno do personagem, mas falta-lhe a energia e o carisma necessários para tornar Morbius memorável. Matt Smith, por outro lado, entrega uma atuação mais vibrante como Milo, mas mesmo assim ele não consegue salvar o filme de sua mediocridade geral.
O maior problema de Morbius é sua falta de inovação. Após sucessos como Homem-Aranha: No Aranhaverso e Venom, esperava-se que a Sony continuasse a expandir o universo de herois e vilões da Marvel com criatividade e ousadia. Infelizmente, Morbius é um retrocesso, entregando uma história de origem genérica e sem brilho. A presença de Michael Keaton como Adrian Toomes, o Abutre, em uma cena pós-créditos, é um esforço desesperado para conectar Morbius ao universo mais amplo do Homem-Aranha, mas acaba sendo mais confuso do que emocionante.
Com pouco mais de 90 minutos de duração, Morbius é um filme que parece se arrastar. A falta de humor e leveza, que funcionou bem em Venom, torna a experiência cansativa e monótona. A seriedade excessiva com que a história é tratada não combina com o material original dos quadrinhos, resultando em um filme que se leva a sério demais sem oferecer substância suficiente para justificar essa abordagem.
Morbius poderia ter sido uma adição interessante ao universo cinematográfico da Marvel na Sony, mas acaba sendo uma oportunidade perdida. A falta de imaginação, a narrativa previsível e a execução sem brilho fazem deste um filme que dificilmente será lembrado. A esperança é que futuros projetos, como a possível formação do Sexteto Sinistro, tragam histórias mais bem escritas e envolventes para o público, evitando os erros cometidos aqui.