Madame Teia, estrelado por Dakota Johnson, tenta trazer para as telas a intrigante história de Cassandra Webb, uma paramédica que descobre ter a habilidade de prever o futuro. Infelizmente, apesar de um conceito promissor, o filme não consegue entregar uma experiência satisfatória, refletindo a mesma falta de direção que tem prejudicado outras produções do “Spider-Verse” da Sony.
A narrativa começa de maneira interessante, apresentando Cassandra Webb vivendo uma vida comum em Manhattan até que uma experiência de quase-morte desperta suas habilidades precognitivas. A partir daí, Cassandra se vê conectada a três jovens – Julia Carpenter (Sydney Sweeney), Anya Corazon (Isabela Merced) e Mattie Franklin (Celeste O’Connor) – que, juntas, estão destinadas a enfrentar um poderoso inimigo. A premissa de prever o futuro e alterar o curso dos eventos tem um grande potencial, mas o filme falha em explorar essas possibilidades de forma convincente.
O principal problema de Madame Teia é a falta de coesão em seu enredo. A história acontece de maneira desordenada e muitas vezes recorre a soluções simplistas para resolver conflitos, deixando a sensação de que partes cruciais da trama foram deixadas de lado na sala de edição. Três das quatro personagens principais nunca desenvolvem plenamente seus poderes, existindo apenas como figuras a serem salvas, o que reduz significativamente a complexidade e a dinâmica do grupo
O diálogo é outro ponto fraco, frequentemente caindo em clichês e infantilidades. Isso é particularmente evidente no clímax do filme, onde uma narração excessivamente explicativa soa mais adequada a um desenho animado de sábado de manhã do que a um filme de super-herois. A falta de tensão é um grande defeito para um filme de ação, e Madame Teia raramente consegue criar momentos de verdadeiro suspense ou emoção.
Apesar de ser positivo ver a contínua inclusão de heroínas femininas no cinema de ação, Madame Teia não faz jus ao potencial dessas personagens. Talvez o filme tivesse funcionado melhor se tivesse focado exclusivamente em Cassandra Webb. A inclusão de Julia, Anya e Mattie apenas complica a narrativa sem adicionar profundidade significativa, deixando a impressão de que sua introdução poderia ter sido adiada para uma possível sequência.
Há indícios de que conexões com o universo do Homem-Aranha foram removidas do corte final de Madame Teia, o que contribui para a sensação de incompletude do longa. Por exemplo, o personagem Ben (Adam Scott) é claramente uma versão mais jovem do Tio Ben de Peter Parker, e a presença de Mary Parker (Emma Roberts) sugere uma ligação mais direta com o Homem-Aranha. Esses elementos poderiam ter enriquecido a trama, mas sua exclusão deixa lacunas que enfraquecem ele.
O filme começa com um prelúdio ambientado na Amazônia em 1973, onde a mãe de Cassandra (Kerry Bishe), uma cientista, é atacada por Ezekiel Sims (Tahar Rahim) após descobrir uma nova espécie de aranha. Esta sequência inicial estabelece um tom intrigante, mas a execução subsequente não consegue manter o interesse. Trinta anos depois, Cassandra, agora em Nova York, começa a desenvolver suas habilidades precognitivas após um acidente. Ezekiel, agora com poderes derivados do veneno da aranha, sonha com sua morte nas mãos de três mulheres e planeja matá-las, mas seus planos são frustrados pelas visões de Cassandra.
No geral, Madame Teia não consegue se destacar no gênero de filmes de super-herois. A falta de um roteiro bem elaborado e a execução desordenada resultam em uma produção que não justifica a sua existência. Assim como outros filmes do “Spider-Verse” da Sony, Madame Teia parece uma tentativa desesperada de explorar propriedades menos conhecidas sem o devido cuidado e atenção necessários para criar uma história envolvente.