O novo Quarteto Fantástico chega às telas com a promessa de renovar a franquia e trazer uma visão mais sombria e moderna dos icônicos personagens da Marvel. No entanto, apesar de alguns elementos intrigantes, o filme acaba repetindo muitos dos erros de sua versão anterior e deixa a desejar em vários aspectos.
A trama segue Reed Richards (Miles Teller), Susan Storm (Kate Mara), Johnny Storm (Michael B. Jordan) e Ben Grimm (Jamie Bell), quatro adolescentes brilhantes, mas socialmente desajustados, que são enviados a uma missão perigosa em uma dimensão alternativa. Quando os planos falham, eles retornam à Terra com habilidades extraordinárias. Reed se torna o Senhor Fantástico, Susan a Mulher Invisível, Johnny o Tocha Humana e Ben o Coisa. Juntos, eles devem enfrentar o Doutor Destino (Toby Kebbell) para salvar o planeta.
O diretor Josh Trank, conhecido por seu trabalho em Poder Sem Limites, tenta trazer uma abordagem mais séria e sombria ao filme, algo mais próximo da trilogia Batman de Christopher Nolan. No entanto, essa escolha tonal não se encaixa bem com os personagens e o espírito do Quarteto Fantástico, que tradicionalmente possuem uma dinâmica mais leve e familiar. O resultado é um filme que parece desconectado da essência dos quadrinhos.
A decisão de contar novamente a história de origem do grupo é questionável. Três das quatro adaptações cinematográficas do Quarteto Fantástico até aqui já exploraram esse terreno, e a versão de 2015 não oferece uma perspectiva nova o suficiente para justificar essa repetição. A transformação dos personagens, resultante de um acidente em uma missão na Zona Negativa, é confusa e pouco convincente, deixando a sensação de que o filme poderia ter se beneficiado de uma abordagem mais direta e original.
Os atores, embora talentosos, são prejudicados por um roteiro fraco que não desenvolve seus personagens de maneira satisfatória. Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan e Jamie Bell fazem o possível com o material que têm, mas a falta de profundidade dos personagens e a fraca interação entre eles resultam em performances desajeitadas. A tentativa de enfatizar o tema da “família” presente nos quadrinhos é superficial e nunca realmente ganha força no filme.
O vilão, Doutor Destino, é mais uma decepção. Sua caracterização é genérica e suas motivações são mal exploradas, fazendo com que ele pareça um antagonista comum de filme de super-herois, sem o peso e a ameaça que o personagem merece. A decisão de ignorar o visual icônico do Doutor Destino também foi um erro, resultando em uma versão visualmente pouco impressionante.
Os efeitos especiais, embora competentes, não conseguem compensar as deficiências da trama. As cenas de ação, que deveriam ser emocionantes e inovadoras, são previsíveis e sem grande impacto. A construção do universo e a ambientação, que poderiam ter sido pontos fortes do filme, são pouco exploradas e deixam a sensação de um potencial desperdiçado.
Apesar de todos esses problemas, o filme não é completamente desprovido de méritos. Existem momentos que sugerem uma história mais interessante e complexa, mas esses elementos são raramente desenvolvidos. A tentativa de criar uma atmosfera mais séria e sombria poderia ter funcionado melhor com um roteiro mais coeso e personagens mais bem desenvolvidos.
Em resumo, Quarteto Fantástico é uma tentativa corajosa, mas mal executada, de revitalizar uma das franquias mais antigas da Marvel. A falta de coesão no roteiro, a caracterização fraca dos personagens e a abordagem tonal inadequada resultam em um filme que não consegue capturar a magia dos quadrinhos. Os fãs de longa data provavelmente ficarão desapontados, enquanto os espectadores casuais encontrarão um filme apenas mediano. O grupo merece mais.